domingo, 25 de janeiro de 2009

você já viu esse filme?

Finalmente um documentário escancara o interesse econômico das maternidades americanas. As primeiras cenas denunciam: "Eles querem seus leitos arrumados e vazios. Não querem mulheres andando pelas salas de parto.”

No Brasil, onde os hospitais americanos servem de modelo - da supervalorização da tecnologia à precariedade do conhecimento - as maternidades também utilizam equipamentos modernos, mas seus profissionais são incapazes de consultar periódicos como o pubmed. Por isso, repetem procedimentos comprovadamente nocivos para as mães e seus bebês, enquanto investem em maquiagens como a decoração arrojada da recepção ou serviços como manicure - nada contra, mas priorizar isso é vergonhoso.

Aqui e lá, dar a luz tem sido um negócio de bilhões de dólares. Mas parece que esse modelo está em crise na medida em que as pessoas buscam informações e descobrem novas opções para parir. Mesmo assim, o que ainda prevalece é a ignorância beneficiando o sistema hospitalar: “Decisões médicas são tomadas por razões monetárias e legais e não porque são boas para a mãe e o bebê.”

Em uma das cenas do documentário, as enfermeiras são questionadas sobre u uso dos medicamentos que aumentam as contrações na parturiente que sente dores: “Isso é uma melhoria ou estamos refazendo o pior ?”

Os Estados Unidos ocupam o segundo lugar na relação entre nascimentos e mortes no mundo desenvolvido. Slogans como esse alternam entrevistas com mulheres que experimentaram o parto natural. Para elas, o nascimento de seus filhos foi muito simples e agradáveis: "Quase o paraíso!”. O documentário também questiona as razões para no mundo a fora, as parteiras realizarem 70 a 80% dos partos, enquanto nos Estados Unidos, 10% ou menos. Mas espere, essa também não é uma realidade do Brasil e o que temos feito para mudar essa realidade?

Tenho a sensação déjà vu na cena que mostra a âncora do jornal reportando acusações sobre hospitais que não tem paciência com as grávidas ou quando ouço: “A cesariana é extremamente amigável ao médico, são vinte minutos e eu estarei em casa para o jantar.”

Por isso, lá e aqui, o que o profissional médico tem feito é convencer a vasta maioria das mulheres que elas não sabem como dar a luz. Felizmente, lá e aqui, existem mulheres corajosas que não abrem mão desse poder: “Se eu posso fazer isso, eu posso fazer qualquer coisa. Para mim, isso é a força de dar a luz e é isso que eles estão tirando das mulheres.”

O diretor Abby Epstin buscou apontar possibilidades de escolhas:

“o desconhecido, que uma mulher precisa conhecer, precisa experimentar....

" foi o dia mais significativo que eu tive na minha vida.”

“Eu não sabia nada sobre isso, nem trocar uma fralda, ...

“Isso é o que eu quero para minha criança.”

“Nada se compara com o privilégio de dar a vida e ser responsável por isso. Nada!” Com vocês o trailer de "The Business of Being Born":


* Agradeço aos meus sogros Newton e Rose que atuaram como tradutores facilitando a publicação desse texto.

2 comentários:

Luis Santos disse...

É pena que, em nosso país, as exceções a esta regra vem quase sempre de pessoas que possuem alguma forma de exposição na mídia, e que podem fazer de seu ato um fato púbico, pois sabe da exposição que isto obterá. Um exemplo foi o parto recente de Andrea Santa Rosa, esposa do protagonista da novela das oito da Globo. Eis o link com a notícia: http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/10590/

Quanto será que partos como este deixaram de ser notícias por serem o lugar-comum?

Espero que logo. Depende das mães, e de que estas não sejam influenciadas e induzidas a fazer o que os médicos querem, como foi o caso no parto de minha esposa.

Silvania Santos disse...

Oi Luis,

obrigada por seu comenário. Vc sabe o quanto a sua opinião é importante para mim!
Acho ótimo que as celebridades descubram essa alternativa, afinal, elas são formadoras de opinião. Mas além delas, mulheres comuns - e eu espero estar nesse grupo muito em breve - vivem experiências semelhantes ao lado de parteiras incríveis como a Heloísa Lessa.
http://www.caras.com.br/secoes/noticias/noticias/10006/