terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A promessa do paraíso

O shopping é uma fábrica de necessidades. Se bobear, você sai de lá com fabulosas tranqueiras que nunca sonhou existir, mas que por um momento de distração alguém te convenceu de que nunca poderia viver sem aquilo. Imagina isso elevado à décima potência?

Hoje recebi na minha casa um senhor simples e muito feliz que antes mesmo de dar inicio ao trabalho de instalação para o qual foi contratado, chegou dizendo que trouxe um presente pra mim! Ele me deu uma latinha de energético e tirou da bolsa vários produtos para me apresentar: bolas amarelas que me deixaria cinco anos sem comprar sabão em pó. Um produto anti-rugas que em dois minutos teria eliminado os pés de galinha de uma das namoradas dele - sim: ele tem duas! Depois de tantos outros produtos "sensacionais", me garantiu que ele não vende nada. A loja dele vende, me entregou um panfleto que, além da propaganda da loja dele ensinava como era fácil abrir  a minha, bastava que eu pagasse a bagatela de 700 reais.  Empolgado ele garantiu que prefere muito mais que as pessoas abram as suas próprias lojas. Assim, ele ganha em cima delas e das outras pessoas que abrirão lojas em seguida. Então ele passou a contar muitas histórias - de quando visitou William Boner, Renato Aragão e outros famosos e pessoas importantes como desembargadores que estão abandonando o trabalho porque as oportunidades da Polishop lhes rendem muito mais. Até o rei - Roberto Carlos - faz shows nos navios enormes que levam os "diamantes da polishop", ostentou orgulhoso.

Felizmente eu precisava sair e o deixei trabalhando. Quando voltei, pouca coisa do trabalho que ele veio fazer estava pronto. Pedi uma comida disposta a conversar um pouco com ele, mas ai ele ligou para um "amigo" e passou o telefone pra mim.  Sem a menor disposição, ouvi  o testemunho de um ex-personal que hoje ganha 9 mil reais BLÁ BLÁ BLÁ. Agradeci e desliguei. Ai foi a hora de falar com aquele simpático senhor.

Perguntei se ele sabia sobre as condições de trabalho nos países do ocidente. Como a resposta foi negativa, comentei o que vi nessa reportagem:





Depois apresentei pra ele o site aliexpress e comparei alguns produtos da loja dele com as desse site.

Em seguida perguntei: 


- Se eu e você podemos comprar nesse site e pagar menos de um quinto do valor, qual a margem de lucro que empresas como a Polishop tem? Comprar por esse site parece tentador mas tem um pequeno problema....

estimula a produção escravista ocidental!

 e ele arrematou:

- se uma empresa vende muito, ela está financiando o trabalho escravo em grande porte.

- Está? Respondi. - Eu não sei. Isso é um trabalho para os investigadores e para o senhor descobrir. Eu só acionei o seu senso crítico.


Que ele ficou com uma puguinha atrás da orelha, não tenho dúvida. Também não duvido que você que leu esse post deve ter ficado. Então que tal investigar também?