quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Geração Jacaré

O tempo é cada vez mais um patrimônio para poucos por isso é comum que os pais busquem a comodidade. Talvez isso tenha sido a chave do sucesso dos estilosos sapatos feitos de polietileno: coloridos, leves, confortáveis e que para calçar basta enfiar o pé. A primeira vez que eu vi um "sapato jacaré" achei horroroso mas essa modalidade de calçados era uma febre nos pezinhos das crianças do meu condomínio então tratei logo de providenciar um para a minha primeira filha. Nem sei se o primeiro croquinho dela era original ou o genérico porque vivíamos  uma fase de muito sufoco no orçamento e o preço de um pisante original era alto demais. Mas o que ficou na memória foi a carinha da pequena ao calçar pela primeira vez aquilo: não sei se era pelo pertencimento à turminha ou se era o mero prazer do conforto. Fato é que ela não quereria outra coisa. Isso virou um problema. Se a ocasião fosse uma festa mais formal nem adiantava tentar calçar na pequena um sapatinho de boneca a não ser que quiséssemos ter a companhia de uma criança irritadiça e todos os olhares de reprovação em nós. Há tempos não se usa isso lá em casa: a mais nova nunca teve um, mas a primazia do conforto ficou na mais velha e pelo que observo essa obsessão também  ficou naquela que vou passar a chamar aqui de geração jacaré.
A geração jacaré na escola é assim: professora, eu posso tirar foto do quadro?... ahim professor, tenho que copiar isso tudo?  Em casa: - Dona empregada, prepara o meu achocolatado! Na excursão da escola: - tia, amarra o meu tênis? (9 anos!!!). No restaurante: garçom, corta a minha carne! (12 anos)....
Ao pensar nessa geração me veio uma grande preocupação. Quantas profissões exigem que a pessoa fique em pé o dia todo? Outras demandam roupas pesadas ou desconfortáveis. Sem falar nas situações de conflito que podem exigir suportar a dor, o frio ou a solidão? Estaria a geração crok mais vulnerável? Para aumentar a chance de sobrevivencia cabe aos pais desenvolverem habilidades de resiliência nos filhos. Dificil tarefa com toda essa falta de tempo: mas quem disse que seria fácil educar?

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Amigos do Mar

Esse ano eu compus uma canção que fala dos amigos que moram no mar: Xarararatimbum. Com uma melodia simplificada e cíclica, as características de diversas espécies são apresentadas usando rimas.  Em uma inesquecível viagem para Morro de São Paulo, percebi que essa música poderia ser uma excelente ponte para aproximar as crianças do ambiente marinho e seus incríveis moradores. De volta ao Rio, fui selecionada para participar do Projeto Estúdio Carioca e imediatamente decidi gravar essa canção com as crianças. Para o arranjo e a direção musical eu convidei Marcio MM Meirelles que prontamente topou mergulhar nessa aventura. A equipe da Escola Municipal Estácio de Sá abraçou a ideia e desde então eu passei a entrar na sala do primeiro ano para cantar, contar, tocar, conversar e compor com as crianças. A canção foi apresentada ontem no Encontro de Iniciativas na UNIRIO. No dia 4 de outubro gravaremos um clipe com as crianças no AquaRIO. Para algumas delas será a primeira vez que elas verão de perto alguns amigos que já homenageiam cantando. No dia 9 de outubro faremos a gravação no Centro de Referência da Música Carioca e pretendemos transformar esse material em um CD Livro. No dia 27 de outubro haverá o lançamento do clipe e do CD Livro no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Todos estão convidados!

Agora estou selecionando ideias para os adereços e a cenografia. O próximo passo é conseguir voluntários que me ajudem a deixar tudo maravilhoso!!!






















Para essa seleção, contei com a preciosa ajuda de Maria Clara Pinheiro da Silva!

sábado, 8 de setembro de 2018

O youtube impulsiona a aprendizagem


Uma aula de citologia com vídeos como esse pode ser mais instigante. Eu costumo usar esse vídeo sem o som enquanto explico as funções de cada uma das estruturas celulares que aparecem na animação. O youtube dispõe de um acervo riquíssimo que facilita a aprendizagem, mas também tem muitas coisas de baixa qualidade e com conteúdo duvidoso. Se você é professor ou professora, gostaria de compartilhar conosco os vídeos que você usa para impulsionar a aprendizagem dos seus alunos? Se sim, escreva no comentário o link  deles e conte como você faz, por gentileza!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Quando nasce uma dissertação

Na qualificação da minha dissertação eu ouvi: esse trabalho será como um filho pra você, não desista dele! Era um momento turbulento: quando passei no mestrado eu estava pisando em ovos em uma gravidez de alto risco. Foram duas gestações: a da minha primeira filha e desse trabalho que como ela me trouxe muitas descobertas e alegria. Não foi uma composição solitária. Contei com a ajuda preciosa de pessoas que também queriam trazer o projeto "O ciência e o cientista através da janela mágica" à tona, ou simplesmente queriam o meu bem e sabiam o quanto a sétima arte e a biologia são minhas paixões. Me senti acolhida e pronta para parir. Ele veio com força e foi solicitado por muitos professores que também usam filmes para que as aulas de biologia e ciências sejam mais instigantes. O link para você conhecer esse trabalho está aqui:

http://www.fiocruz.br/brasiliana/media/dissertacao_silvania_santos.pdf

P.S. Nenhum desses professores que me pediram o trabalho para ler voltou para contar o que achou. Será que você será o primeiro?

sábado, 1 de setembro de 2018

Pensão é proteção

Para proteger a infância é comum que a justiça determine uma pensão quando o pai e a mãe se separam. Dinheiro nenhum pode pagar as experiências que deixarão de existir após a separação, mas essa quantia vai prover qualidade de vida para quem mais perde com a ruptura de um relacionamento: os filhos.

Quando o pai ou a mãe não pagam a pensão ou pagam menos do que poderiam/deveriam pagar, é essa qualidade de vida que está sendo comprometida. Não há desculpas para isso. É comum ouvir essas pessoas dizendo que se aborrecem porque o ou a ex cônjuge estaria se apropriando da pensão. Esse tipo de argumento pode estar mascarando uma triste verdade: o amor pelo dinheiro é maior do que pelo compromisso com a proteção dos filhos.  Se essa pessoa que está sendo acusada de apropriação indevida não existisse e o acusador tivesse que oferecer aos seus filhos tudo o que eles têm, o valor gasto seria maior ou menor do que a pensão? Há quem afirma que não se importaria de pagar mais desde que ficassem com a criança. Na era da guarda compartilhada esse argumento não faz o menor sentido. Cabe aos dois genitores vivenciar com a criança o maior tempo possível e a pensão não é medida pelo tempo passado junto com o filho, mas pelo binômio possibilidade e necessidade: quem pode mais paga mais em prol das necessidades dos filhos.

Dinheiro é muito pouco perto de tudo o que uma criança precisa e merece. Não basta pagar pensão, mas o compromisso e o empenho para garantir o desenvolvimento pleno dos filhos deve existir sobretudo após a separação.

Infelizmente muitos pais são tratados ou se comportam como se fossem meros pagadores de pensão. A despeito de todas as mágoas que ficaram, quanto mais os dois lados se envolvem na criação dos filhos, mais segurança eles passam para os mesmos. Coisa triste é quando a criança tem a sensação de que o pai ou a mãe se separou dela também! Nada na vida pode ser mais sublime do que ter gerado um outro ser humano, portanto essa pessoinha merece não apenas o seu dinheiro, mas o seu tempo e o seu amor.


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Altas Habilidades podem esconder altas dificuldades

Ontem a TV Brasil exibiu essa reportagem sobre crianças com altas habilidades:


ela revela algumas das muitas dificuldades que as crianças com altas habilidades podem enfrentar. Uma delas é a depressão pela sensação de não pertencimento. Talvez você tenha um superdotado por perto e nem saiba. Ele pode ser aquela criança estranha que se isola na sala de aula ou até na festa de aniversário dela: fechada em seu mundo, embora ávida para fazer amizades. É comum que esse comportamento esconda o medo de incomodar ou de rejeição.

No filme, o relato de uma mãe que salvou o filho prestes a se matar porque não tinha amigos me fez lembrar dos casos de suicídios que envolvem escolas, muitas delas consideradas de excelência. Estima-se que cerca de 5% dos alunos são superdotados. Nas escolas em que o ingresso depende de provas esse percentual deve ser muito maior embora não haja estudos a respeito. É que poucas pesquisas na área da educação focam a superdotação. Na sala de aula eles não costumam dar trabalho e quando dão são logo colocados nos "eixos" ou simplesmente expulsos. Uma habilidade alta pode ser útil quando ela é convertida em medalhas ou outra chancela que dê status à instituição. Mesmo assim, pouca gente está disposta a estudar para compreender um universo tão complexo. Quando um assunto não é devidamente estudado, prevalece o estereótipo. Frases como "Eu não vejo nada de superdotado nessa criança. Ela é até limitada..." dão a entender que superdotação é sinônimo de genialidade. Não é! Leia aqui se você quer entender a diferença!

Se a escola é um lugar para superar as limitações os superdotados deveriam ser acolhidos em suas potencialidades e dificuldades. Compreender, por exemplo o senso de justiça que tantas vezes é taxado de chatice, quando esse rigor poderia ser tão útil na sociedade.

Infelizmente não é só a escola que não reconhece e potencializa as crianças com altas habilidades. A criança superdotada pode não ser acolhida nem mesmo na família. Lá, muitos são ágeis para apontar as estranhezas enquanto as potencialidades são constantemente disfarçadas pelo medo de que elas gerem uma imagem prepotente: seja humilde!

Há muito mais superdotados na sociedade do que podemos supor. Se eles fossem identificados e encorajados a descobrirem abertamente suas limitações e seus potenciais, é possível que viveríamos melhor com alguns avanços que eles poderiam promover.

No Rio o Instituto Lecca tem gente muito legal pesquisando e trabalhando o potencial de crianças e jovens com altas habilidades. Sugiro que você conheça essa instituição e investigue outras  e que  as experiências delas iluminem o seu caminhar caso você queira contribuir para que o mundo seja inclusivo de fato.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Mudanças na Educação

De vez em quando a gente ouve falar que uma equipe de especialistas está implementando mudanças na educação. Tais mudanças são tão superficiais que nem chegam a arranhar o enferrujado sistema educacional que dispomos. A "mudança" mais comum é a avaliação de desempenho. Funciona assim: o governo não investe na estrutura da escola e muito menos na equipe que atua para promover a aprendizagem porque tais recursos já estão comprometidos com esquemas de corrupção. Para disfarçar, nossos des-políticos contratam acadêmicos de "notável saber" que vão requentar velhas questões e com elas elaborar provas para serem aplicadas nas escolas. Quem define o que a criança deveria saber são esses senhores e essas senhoras que na maioria das vezes não está na sala de aula e não entende de especificidades de cada escola e sua clientela - nem precisa porque as provas são universais. O resultado dessa prova elaborada e aplicada sem o envolvimento dos educadores propriamente ditos irá definir por exemplo, qual é a escola que irá receber mais recursos. Quanto pior o desempenho dos alunos, mais essa escola terá chance de receber os parcos recursos disponíveis. Assim a direção da escola fica entre a fama de escola fraca ou a ameaça de perder ainda mais recursos.  Assim caminha a escola pública!

Mudanças de verdade são promovidas com alto investimento. Na estrutura, nos salários, nos programas de capacitação, nas experiências extra-classe, nos materiais que promovem aprendizagem,  na valorização dos sujeitos da aprendizagem e na promoção da cultura. Mudar nomes de segmentos ou de provinhas só serve pra confundir, mascarar a realidade e desviar recursos públicos.

https://novaescola.org.br/conteudo/11907/avaliacao-nacional-de-alfabetizacao-e-prova-brasil-sofrem-alteracoes-em-2019

domingo, 11 de março de 2018

Parem de fazer as crianças berrarem nos programas de auditório!

Desculpa se eu decepciono vocês, mas não gosto de ver programas de calouros infantis. Não tenho estômago para assistir o público aplaudindo ensandecido o candidato agredindo suas pobres cordas vocais ainda em formação. Em geral os programas de calouro costumam seguir essa fórmula e selecionam canções que exploram uma navegação insana pelas oitavas: ao invés de propor uma séria discussão sobre o cuidado com a voz ou pelo menos valorizar o candidato que não abusa dos nossos pobres tímpanos, eles estimulam a prática do canto forçado. Aff! Como sempre as crianças são as maiores vítimas: sejam as candidatas ou as anônimas que imitam esse modo de cantar achando que estão arrasando. Não estão! Quantas delas terão atendimento com fono ou otorrino para tentar reparar os danos? É importantíssimo e urgente incentivar as crianças a cantar. Porque quem canta aprende melhor na escola, melhora a imunidade, ganha auto-confiança, faz mais amigos...  Mas o saudável e belo é o cantar, não o gritar!








sexta-feira, 9 de março de 2018

Quero engravidar mas não consigo! O que fazer?

Sabe aqueles casais que querem ter filhos mas não engravidam nem por reza? Eu sei bem o que é isso, com o agravante de ter no meu pé uma sogra obcecada para ser avó. Antes de vender a casa ou a alma para pagar um bebê de proveta, tente algo bem mais em conta e muito mais prazeroso. E se você conhece algum homem que quer muito ser pai  (se apenas a mulher quiser, por favor, não mostre isso para ela), compartilhe com ele essas dicas preciosas:

Calcule o período fértil e viaje para o lugar preferido da sua mulher.  Sim, dela. Ela é que vai abrir, digamos, um mundo mágico para você que sonha em ser pai. Então prepare-se para sair de casa disposto a ser gentil e generoso. Quanto mais agradá-la durante o dia melhor será a noite de vocês - se bem que dia e noite passam a ser possibilidades iguais para esse abençoado trabalho. Sair da cidade e da rotina e entrar em uma atmosfera agradável vai favorecer um namoro  sem pressa, sem atropelos e com muito mais paixão.

Não é hora de pão durice: separa uma graninha pra torrar ao lado de sua amada. Se não tiver, nem pense em ter filhos: esse brinquedinho é muito caro! Mas se a condição for favorável, tira o escorpião do bolso e propicie uma boa pousada e uma alimentação de qualidade: isso será propulsor dos ânimos e do humor. Se possível, pesquise um cardápio delicioso para antes ou depois do trabalho. Surpreenda! Mas atenção. Não pense apenas em trabalhar para conseguir o que deseja: passeios de mãos dadas podem ser muito estimulantes. Uma boa conversa então, nem se fala!

Antes de sair de casa, pense em detalhes como o estado do carro, os documentos, cartões... para evitar  aquelas situações estressantes nada românticas, sabe? Combinem não brigar e levem a sério esse combinado. De preferência, levem esse combinado para depois que o filhote chegar. Porque se isso acontecer ele passa a ser responsabilidade plena dos dois e não dará para partir esse presente fabuloso ao meio!

quinta-feira, 8 de março de 2018

Entre o Japão e a Nasa: uma briga feia para esse final de semana

Quem já sonhou em conhecer o Japão mas não tem caixa suficiente para ir tão longe pode tentar dar um pulinho no Riosul nesse final de semana para conferir o Rio Matsuri. a programação parece imperdível e a gente já se inscreveu pra conferir e vir contar tudo pra vocês. Dá só uma olhada:

http://www.riomatsuri.com.br/programacao


Mas logo ali bem perto a NASA aterrissou com uma oficina de STEM para os aspirantes de astronautas que quiserem estudar e aplicar os seus conceitos de robótica ou de programação possam deslanchar em uma réplica da superfície do asteroide. Diversos obstáculos e missões devem ser encaradas sob o olhar atento dos instrutores treinados no Kennedy Space Center nos Estados Unidos.

E agora? O que a gente faz? Vai nos dois né?