quinta-feira, 28 de abril de 2011

A descoberta da leitura

Eu não tive a sorte de crescer em uma casa cheia de livros. Meus pais eram semi-analfabetos e o único livro que não podia faltar em casa era a bíblia. Na minha infância a única casa que eu frequentava onde haviam estantes com livros era a casa da minha tia Fia. Foi ali que descobri o prazer da leitura, ao viajar nas "Memórias de um burro", uma fábula de Condessa de Ségur que narra as travessuras de um simpático burro que busca um lar. Essa leitura talvez tenha influenciado a escolha da minha profissão de bióloga, que prima pelo respeito, carinho e proteção aos animais.


Depois vieram os livros que a minha professora de Língua Portuguesa exigia que lêssemos e que às vezes eu devorava em uma tarde, como o inesquecível "A Ilha Perdida" de Maria José Dupré, que me levou de carona na aventura dos dois irmãos.


Na adolescência, eu amava os livros de mistérios e um dos meus passeios favoritos era dar uma passadinha na biblioteca pública de Caratinga para procurar por Agatha Christie  e Sherlock Holmes.


Alguns livros exerceram uma força transformadora: eu estava vivendo um momento de muita rebeldia na minha adolescência quando li "Feliz Ano Velho" de Marcelo Rubens Paiva. Me lembro de ler esse livro no ônibus, enquanto ia para a escola e ficar pensando em como  fazer para que as pessoas vissem a capa, lessem o título e se interessassem por aquela história tão fascinante.

Outra leitura inesquecível foi "A Insustentável Leveza do Ser " de Milan Kundera. No final da história eu fazia um esforço enorme para reduzir o ritmo da leitura, porque eu simplesmente não queria que aquela história terminasse.  


Descobrir Clarice Lispector foi outra dádiva: de cara me identifiquei às avessas com a datilógrafa Macabéa de "A Hora da Estrela". O meu modo de ver o universo feminino foi chacoalhado com essa história: definitivamente eu não queria ser essa mulher que "aceita tudo porque já beijou a parede". Aliás, a leitura que estou fazendo no momento é "Perto do Coração Selvagem", também da Clarice. Embora o meu momento de leitura e o momento de escrita de Clarice sejam tão diferentes daquele da história da Macabéa, estou me deixando ser arrastada pelo caos da "realidade adivinhada" da protagonista.


Hoje minha casa é recheada de livros e, para minha alegria, minha filha me pede uma história todos os dias, antes de dormir! Ela preenche uma lacuna que me fazia muito mais falta do que eu podia imaginar: a da literatura infantil. Com ela descubro pérolas. Espero que no futuro ela também goste das pérolas que eu encontrei no universo da literatura.





Esse espetáculo estimula a leitura:http://www.wix.com/silbio/cantar-e-contar?ref=nf

sábado, 16 de abril de 2011

Tantas Marias...

Quando conheci o Vida Maria, fiquei encantada com a sensibilidade e o tratamento dado às questões recorrentes no agreste brasileiro. Fabuloso e necessário, vejam:



O filme encanta desde as primeiras cenas. A mão desajeitada que segura um lápis mordido: quantas marias morderam, de nervoso, lápis e canetas enquanto tentaram "desenhar" uma letra?

Absorta na magia da escrita, a criança não ouve a mãe que, cansada da vida severina que leva, pede ajuda à filha. Por todo Brasil crianças perdem a infância trabalhando: essa Maria será chacoalhada - "vá procurar algo útil para fazer Maria!"

A criança não ousa discutir e segue para o terreiro: árido como as vidas que convivem com ela. No terreiro, algumas passagens de tempo magistralmente construídas.

E assim, a menina se transforma em uma bela mulher à espera de um príncipe que lhe tire a lata d'água da cabeça. Chega o príncipe e os frutos, mas a vida não muda. Continua severina, ou Vida Maria. Até que o ciclo se fecha. Como quebrar esse ciclo?

terça-feira, 12 de abril de 2011

O que vale mais, uma árvore na floresta ou uma árvore que pode ser vendida?



essa foi a problematização proposta pelo professor Carlos Figueiredo no encontro com os membros do clube de Ciências da Escola Parque. Esse bate-papo trouxe como tema "O homem e a floresta".


O encontro foi pensado para que os estudantes, interessados em ciência, tivessem contato com quem faz ciência. Carlos Figueiredo coordena o Núcleo de Gestão Ambiental da UNIRIO e aceitou o convite por acreditar que a universidade deve ampliar o diálogo com alunos do ensino médio e fundamental. A discussão levantou alguns recursos naturais disponíveis nas florestas: alimentos (frutos, caça, mel), madeira, remédios. Esses produtos diretos, muitas vezes são alvos de biopirataria e isso traz sérios problemas ambientais e econômicos para o país. Carlos sugeriu que os alunos assistissem a animação Rio de Carlos Saldanha, que trata sobre o tráfico de animais. 




Carlos Figueiredo lembrou que boa parte dos compostos químicos dos remédios que usamos são extraídos das defesas naturais de plantas e animais que vivem nas florestas e que esses compostos muitas vezes são obtidos a partir do conhecimento tradicional de índios e outros povos que vivem na floresta e que dominam conhecimento a respeito de matérias primas como plantas, animais e fungos. 



Um dos membros do clube quis saber porque o Brasil não investe em pesquisas para ampliar as possibilidades da indústria farmacêutica. Carlos afirmou que o Brasil investe sim, mas que ainda há muito o que ser feito, principalmente na divulgação das informações, por isso  2011 foi eleito o ano internacional das florestas.



Carlos também explicou sobre os produtos indiretos da floresta, ou seja aqueles que, nos benficiam, sem que seja necessário extraí-los das florestas, como: água, ar puro, clima, solo, polinizadores. Ele também explicou a razão para alguns córregos e rios das florestas serem limpos: antes da água chegar ao leito do rio, a floresta e o solo funcionam como filtros que purificam as águas dos rios. Portanto a floresta colabora diretamente com a qualidade da água.



Os estudantes foram apresentados aos diversos níveis estruturais de uma floresta, com seus tipos de seres vivos e relacionaram o empobrecimento do solo com a retirada da cobertura vegetal. Carlos ensinou para o grupo que, produtos florestais como o cacau, o palmito, e castanha do Pará só podem ser mantidos com a existência da floresta. Assim, o desmatamento das florestas e a diminuição da biodiversidade comprometem a produção desses produtos.



Os meninos ficaram impressionados quando Carlos disse que boa parte das pessoas no mundo não cozinham em fogão! Mas a retirada da lenha para cozinhar não é a única prática do homem que compromete as florestas. Diversas atividades da cidade sujam a água dos rios e atingem a intrincada rede de relações que existem em uma floresta. 

Com alguns mapas, Carlos mostrou como ao longo do tempo as florestas estão sendo dizimadas. Da mata atlântica, por exemplo, que em 1500 ocupava toda a costa brasileira, restam apenas cerca de 7% da mata original. Para cada 10 florestas daquele período, resta menos de 1 floresta hoje. Já no Rio de Janeiro, considerado o Estado mais preservado de Mata Atlântica, restam 17% da mata original. Carlos destacou o Maciço da Pedra Branca e a Floresta da Tijuca como importantes remanescentes dessa mata associados à cidades, o caso, a cidade do Rio de Janeiro.

A espécie humana paga por esses impactos ambientais. Por exemplo, quando compra água potável das estações de tratamento. O tratamento tem um custo, e por ser oneroso, nem todos têm acesso. Outros exemplos de prejuízos causados pela não proteção das matas é o custo do controle de erosão e da recuperação de áreas erodidas.  As modalidades de turismo - ecológico e de aventura -  também deixam de movimentar capital e gerar empregos quando aqueles lugares agradáveis, ricos em biodiversidade são negligenciados ou destruídos.

Mas afinal, é possível conciliar o crescimento urbano com as florestas, uma vez que a crescente produção de alimentos compromete a preservação das florestas? Na medida em que a floresta tem dado lugar aos pastos e à monocultura, a falta de gestão das florestas tem como uma das piores consequências a desertificação. Além de proteger o solo, as florestas tem a importante função de amenizar a poluição ambiental na medida em que recolhe do ar gases tóxicos liberados pelos combustíveis fósseis.

Ao perceber que o grupo demonstrou afinidade com o estudo dos seres vivos, Carlos chamou atenção para o fato de que ciência não é só biologia e que outras áreas, como a matemática, por exemplo, são fundamentais na investigação científica. Carlos exemplificou como a bioestatística foi importante nas pesquisas que realizou em ecologia. Por isso é necessário trazer outros cientistas para novos papos no clube.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Profissão Promissora: Físico

hoje quero  divulgar um evento que acontecerá nos dias 11 a 15 de abril, na UFRJ: a Semana da Física da UFRJ. Trata-se de um evento anual organizado por estudantes do instituto e que tem como público, além de estudantes de Física, alunos de outras áreas e interessados nessa disciplina.

O evento consiste de diversas palestras e minicursos. Vale destacar a palestra de Astrobiologia.

As inscrições são feitas no site http://omnis.if.ufrj.br/~cafis/semafis3/ ou na própria UFRJ até o dia 11/4 segunda-feira.  A taxa é de R$10,00 e os inscritos ganharão uma camisa do evento, pastinha com várias coisas e certificado.

Essa é uma oportunidade bem legal para aqueles que pretendem cursar Física de terem um contato maior com as suas áreas e com um dos maiores institutos do Brasil.

domingo, 3 de abril de 2011

Clássicos Grátis


LIVROS

    
É só clicar no título para  ler ou imprimir.
                  


  1. A Divina Comédia -Dante Alighieri
  2. A Comédia dos Erros -William Shakespeare
  3. Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa
  4. Dom Casmurro -Machado de Assis
  5. Cancioneiro -Fernando Pessoa
  6. Romeu e Julieta -William Shakespeare
  7. A Cartomante -Machado de Assis
  8. Mensagem -Fernando Pessoa
  9. A Carteira -Machado de Assis
  10. A Megera Domada -William Shakespeare
  11. A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare
  12. Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare
  13. O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa
  14. Dom Casmurro -Machado de Assis
  15. Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
  16. Poesias Inéditas -Fernando Pessoa
  17. Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare
  18. A Carta -Pero Vaz de Caminha
  19. A Igreja do Diabo -Machado de Assis
  20. Macbeth -William Shakespeare
  21. Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago
  22. A Tempestade -William Shakespeare
  23. O pastor amoroso -Fernando Pessoa
  24. A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós
  25. Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
  26. A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha
  27. O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa
  28. O Mercador de Veneza -William Shakespeare
  29. A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde
  30. Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare
  31. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  32. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  33. Arte Poética -Aristóteles
  34. Conto de Inverno -William Shakespeare
  35. Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare
  36. Antônio e Cleópatra -William Shakespeare
  37. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
  38. A Metamorfose -Franz Kafka
  39. A Cartomante -Machado de Assis
  40. Rei Lear -William Shakespeare
  41. A Causa Secreta -Machado de Assis
  42. Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa
  43. Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare
  44. Júlio César -William Shakespeare
  45. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
  46. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  47. Cancioneiro -Fernando Pessoa
  48. Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional
  49. A Ela -Machado de Assis
  50. O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa
  51. Dom Casmurro -Machado de Assis
  52. A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
  53. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  54. Adão e Eva -Machado de Assis
  55. A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
  56. A Chinela Turca -Machado de Assis
  57. As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare
  58. Poemas Selecionados -Florbela Espanca
  59. As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo
  60. Iracema -José de Alencar
  61. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  62. Ricardo III -William Shakespeare
  63. O Alienista -Machado de Assis
  64. Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa
  65. A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne
  66. A Carteira -Machado de Assis
  67. Primeiro Fausto -Fernando Pessoa
  68. Senhora -José de Alencar
  69. A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães
  70. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  71. A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca
  72. Sonetos -Luís Vaz de Camões
  73. Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos
  74. Fausto -Johann Wolfgang von Goethe
  75. Iracema -José de Alencar
  76. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
  77. Os Maias -José Maria Eça de Queirós
  78. O Guarani -José de Alencar
  79. A Mulher de Preto -Machado de Assis
  80. A Desobediência Civil -Henry David Thoreau
  81. A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
  82. A Pianista -Machado de Assis
  83. Poemas em Inglês -Fernando Pessoa
  84. A Igreja do Diabo -Machado de Assis
  85. A Herança -Machado de Assis
  86. A chave -Machado de Assis
  87. Eu -Augusto dos Anjos
  88. As Primaveras -Casimiro de Abreu
  89. A Desejada das Gentes -Machado de Assis
  90. Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
  91. Quincas Borba -Machado de Assis
  92. A Segunda Vida -Machado de Assis
  93. Os Sertões -Euclides da Cunha
  94. Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
  95. O Alienista -Machado de Assis
  96. Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra
  97. Medida Por Medida -William Shakespeare
  98. Os Dois Cavalheiros de Verona -William Shakespeare
  99. A Alma do Lázaro -José de Alencar
  100. A Vida Eterna -Machado de Assis
  101. A Causa Secreta -Machado de Assis
  102. 14 de Julho na Roça -Raul Pompéia
  103. Divina Comedia -Dante Alighieri
  104. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
  105. Coriolano -William Shakespeare
  106. Astúcias de Marido -Machado de Assis
  107. Senhora -José de Alencar
  108. Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
  109. Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
  110. Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
  111. A 'Não-me-toques' ! -Artur Azevedo
  112. Os Maias -José Maria Eça de Queirós
  113. Obras Seletas -Rui Barbosa
  114. A Mão e a Luva -Machado de Assis
  115. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
  116. Aurora sem Dia -Machado de Assis
  117. Édipo-Rei -Sófocles
  118. O Abolicionismo -Joaquim Nabuco
  119. Pai Contra Mãe -Machado de Assis
  120. O Cortiço -Aluísio de Azevedo
  121. Tito Andrônico -William Shakespeare
  122. Adão e Eva -Machado de Assis
  123. Os Sertões -Euclides da Cunha
  124. Esaú e Jacó -Machado de Assis
  125. Don Quixote -Miguel de Cervantes
  126. Camões -Joaquim Nabuco
  127. Antes que Cases -Machado de Assis
  128. A melhor das noivas -Machado de Assis
  129. Livro de Mágoas -Florbela Espanca
  130. O Cortiço -Aluísio de Azevedo
  131. A Relíquia -José Maria Eça de Queirós
  132. Helena -Machado de Assis
  133. Contos -José Maria Eça de Queirós
  134. A Sereníssima República -Machado de Assis
  135. Iliada -Homero
  136. Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
  137. A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco
  138. Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
  139. Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage
  140. Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa
  141. Anedota Pecuniária -Machado de Assis
  142. A Carne -Júlio Ribeiro
  143. O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
  144. Don Quijote -Miguel de Cervantes
  145. A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne
  146. A Semana -Machado de Assis
  147. A viúva Sobral -Machado de Assis
  148. A Princesa de Babilônia -Voltaire
  149. O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
  150. Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca Nacional
  151. Papéis Avulsos -Machado de Assis
  152. Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos
  153. Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós
  154. O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
  155. Anedota do Cabriolet -Machado de Assis
  156. Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A chegada de um Baby Down

Minha filha tem um amigo com síndrome de Donw na sala dela. Esse amiguinho trouxe um mundo novo para a turma e as crianças tiram de letra as diferenças. Esse ano, participei da caminhadow, um evento pensado para estimular a inclusão. A mãe do Rafa, o amiguinho da Luluty, se destacava entre os organizadores. Então, fiquei curiosa e perguntei para ela:




Carla, o que houve de mais marcante na sua trajetória entre a aceitação de gerar um bebê com trissomia 21 (outro modo de chamar a síndrome de Down) até a militância em favor dessa causa?



A resposta dela chegou hoje e com muita alegria quero dividir com você:








Silvania,


Nós não tivemos diagnóstico pré natal da síndrome de Down. Soubemos apenas na hora do parto. Quando cheguei ao quarto do hospital, após o parto, fui avisada pelos médicos em um clima de profundo pesar que meu filho havia nascido com síndrome de Down.

Me senti suspensa no ar por alguns instantes, depois cai. Da euforia imensa de dar à luz, fui para o extremo oposto. Me senti perdida na escuridão. Todos os planos, todas as expectativas, não cabiam mais. E agora? Não sabia o que esperar, o que pensar. Sentia um vazio imenso. Vazio aumentado pela ignorância, como é uma criança com Down? O que posso esperar para o futuro? Um adulto eternamente dependente dos pais?! E se eu morrer antes, o que será do meu filho? Não, ele não pode ser um peso para sua irmã!

O espaço ocupado pela ignorância e pelo preconceito dava lugar a imagens e pensamentos aterradores que passaram a povoar meu imaginário durante os dias que se seguiram.

Aos poucos, fui percebendo que quando estava olhando e amamentando meu bebê, não existia tristeza alguma, só alegria. Seu rostinho tão lindo, só podia ser o rostinho de um anjo! E como anjo que é; não traz consigo tristeza alguma. Cada vez que olhava para o Rafael, meu coração ia sendo invadido por amor, tanto amor, tanto amor mas tanto amor; que todos os pensamentos trazidos pela ignorância e pelo preconceito ficaram sem espaço ali. Me deixei conquistar pelo meu filho e percebi que o bebê que idealizei durante a gestação estava ali.


Percebi também que todo o estresse que passei foi por desinformação. Foi por não ter tido a oportunidade de conviver com nenhum tipo de deficiência durante toda a vida. E, a partir desta constatação, decidi ter como bandeira a divulgação de informação de qualidade sobre a síndrome e a inclusão dos indivíduos com SD na sociedade. Desta maneira, as futuras mães de crianças com Down não passariam pelo que eu passei. Os bebês poderão ser plenamente acolhidos por seus pais desde o primeiro momento após o diagnóstico.


* Carla Codeço é mãe do Rafa e da Joana. Ela é arquiteta e é casada com o biólogo Carlos Figueiredo. Eu fiz uma pergunta para ele também. Mas o relato de Carlos ficará para outra oportunidade.


Além desse emocionante relato, Carla nos presenteou com duas pérolas:







“O que perturba e assusta o homem", disse Epíteto, "não são as coisas, mas suas opiniões e fantasias sobre as coisas" (Cassirer, 1994 Ensaio sobre o homem. São Paulo, Martins-Fontes p.49)






"Não é a deficiência que decide o destino das pessoas, mas as consequências sociais dela." 
Vygotsky