sexta-feira, 27 de junho de 2014

Nossos mestres não ensinam como os de lá

 "Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende."
                                                        João Guimarães Rosa


Os franceses simplesmente não acreditavam que eu não falava inglês. Eles estão acostumados com um sistema diferente de educação onde todo mundo tem proficiência de pelo menos três línguas.  Primeiro me senti analfabeta, mas depois refleti: porque as escolas brasileiras não dão conta de preparar os alunos para  falar, e bem, pelo menos o inglês?  Até naquelas escolas consideradas de excelência, com mensalidades altíssimas, os alunos econômica e/ou culturalmente favorecidos costumam fazer cursinhos de inglês.  

Talvez eu tenha uma pista. O meu amigo que trabalha em uma escola em Paris me contou que lá as crianças estudam no período integral por 45 dias e depois folgam outros 15.  Além disso, as férias duram dois meses! Quando eu perguntei o que os pais faziam com as crianças, uma amiga foi precisa: eles se viram!  

Então fiquei imaginando os pais planejando uma lista de atividades para ocupar os filhos. Músicas e filmes devem estar no topo da lista! Assim, ouvindo canções e através da janela magica, as crianças descansam da chatice da escola - porque vamos combinar, sabe ser chata - e, pasmem: elas continuam aprendendo! Sem falar nas viagens. Segundo os meus amigos, os franceses economizam o ano todo para viajar. Os recessos permitem que os professores também viagem, leiam, se energizem. 

A lição parece simples: professor tem que trabalhar pouco e ganhar bem para ter tempo, disposição e acesso. Um esforço coletivo para que os mestres possam aprender e, consequentemente fazer o sistema educacional funcionar, sem muletas.

Pelo ensino a distância você poderá fazer o curso de Empreendedorismo, que abrirá novos horizontes profissionais para quem deseja entender melhor qual o significado dessa palavra tão utilizada no ramo dos negócios e sonha em se destacar no mercado de trabalho, através da abordagem de temas como o poder, a busca de oportunidades, o planejamento, entre outros assuntos relevantes. Carga Horária: 30Hs Nº de Vídeo Aulas: 12 Período de acesso: 30 dias. COM CERTIFICADO
Enquanto isso, no Brasil, quanto mais a criança estiver na escola, mais os políticos e a sociedade gostam: a impressão que dá é que ninguém suporta essas crianças em casa ou que se os pais ficarem com os filhos eles irão perder a produtividade. Será que nossos meninos, meninas e professoras merecem ser esgotados desse modo? Como vão conseguir brilhar com tanta sobrecarga? Que horas os pais brasileiros vão se virar? É isso mesmo gente, se vira! Chega de delegar seus filhos para a escola! Ou então aguenta essa situação sofrível em que vivemos! Quando os professores vão ter tempo e grana para, como os cidadãos do mundo,  preparar decentemente seus educandos? A minha geração não viu isso e hoje queima a cara de vergonha. Os nossos filhos também passarão esse vexame?

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Quem avisa amigo é: British Airways é um fiasco!

No último dia 14, viajei para Paris usando aviões da British Airways. Na ida, quase congelei no avião, mas o pior foi ficar mais de 12 horas no assento 50 - onde depois não há mais ninguém e a cadeira não inclina como as demais. A área do passageiro também não permite que ele se incline para frente, como orienta o manual de segurança. Será que os órgãos reguladores não vêem que a ganância dessa companhia aérea, na busca de ocupar todos os espaços possíveis e impossíveis, compromete a segurança dos tripulantes?
Na volta, mais fiascos. O intervalo entre uma refeição e outra é enorme. Quando chegou o jantar eu estava faminta e pedi uma massa: simplesmente intragável. Solicitei à aeromoça que trocasse e ela disse que eu teria que esperar que preparassem outro prato... já estávamos chegando no Rio!
Mas o pior mesmo foi na chegada: depois de uma péssima manobra de aterrissagem e da  longa espera em frente à esteira, descobri que a minha bagagem não havia chegado de Paris, mas me garantiram que eles enviariam para a minha casa no outro dia. Estranhamente, no comunicado oficial só havia a notificação de uma das malas, mas eu havia enviado as duas e nenhuma delas estava ali!
Resultado: dois dias se passaram e até agora as malas não chegaram. Nas raras vezes em que o telefone não está ocupado, ninguém atende nos números que estão na ficha que eles me deram. Não recebi nenhum telefonema para esclarecer o fato. A chave da minha casa estava na mala: imagina o transtorno. Vários documentos e o material de trabalho como contadora de histórias também estão nas malas. A perda desse material será incalculável porque envolve anos de pesquisa e dedicação para montar o acervo. Além é claro de tudo o que eu levei na viagem e as coisas que comprei. Estou vivendo uma tensão completamente desnecessária graças à essa companhia que me desrespeitou como cliente em diversos aspectos. Você não vai querer correr esse risco, vai?

A suitcase on a baggage belt.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Amigo Sol

Aqui o sol é rei e as pessoas ficam como pinto no lixo quando podem sentar no gramado e sentir o calor do astro. Na sombra tem feito frio, pelo menos pra mim que sou absurdamente friorenta. Os normais estariam amando o frescor parisiense. Mas não me queixo. Alias, optei por programas diurnos e floridos. Amanhã eu conto sobre os parques que visitei. Agora preciso recuperar as forças!



quinta-feira, 19 de junho de 2014

Entre a preguiça e as delícias francesas

Estou de férias. Então acordar às dez da manhã não é pecado. Embora eu me culpe por desperdiçar a manhã na cidade Luz. Depois relaxo: aqui o sol está se pondo após às nove da noite! Quando escurece, fico quietinha em casa com meus queridos amigos: Ludo, Rodrigo e Lili. Eles me acolhem e me alimentam com o que há de melhor para o corpo e pra alma.

Pelo menos foi isso o que fiz até hoje, mas ainda quero desfrutar a noite parisiense, visitando teatros, assistindo o espetáculo de luzes, sentando em um café bem charmoso ou simplesmente caminhando.

Agora já passa de meio dia e eu estou no metrô. Nada de muito interessante além de ouvir gente falando diferentes línguas. Babel é aqui! No caminho, aproveitei para fotografar a rua Daguerre, onde estou hospedada.

Queria compartilhar com vocês todas as delicias, expostas na rua, ao alcance de todos, ou melhor, dos que portam euros, fome, disposição para gastar... ou pessoas como eu, simplesmente interessadas a capturar imagens que vão memorizar bons momentos dessas férias surpreendentemente fabulosas.

Deliciosas....






Com a google-bússola em Paris

Minha aventura hoje foi em La Villet. Para chegar, consultei meu amigo Google. Ele me deu o mapa e um roteiro, mas não avisou que aqui, em algumas estações, só embarca quem tem os tickets do metro. Aprendi que é bom comprar pelo menos dez bilhetes de cada vez e comprar mais ates que terminem! Na hora de usar a maquina, você pode usar o cartão de credito se preferir, mas a Dilminha te cobra seis por cento se vc fizer isso.

Consultar a bússola digital tornou as coisas muito mais fáceis, mas eu preferia que no mapa do Google tivesse uma frase simples assim: caminhe dentro da estação quando você descer em Gare du Nord e depois desça na estação Ourcq. Acabei descendo em Picasso, mas contei com duas generosas senhoras que calmamente me direcionaram de volta ao trajeto. Perdi um bilhete mas aprendi a interpretar o mapa!


Museu da música com pequenos franceses sussurrantes

Ao chegar na cidade da música, desembolsei 7 euros para visitar o museu que para mim era o mais importante.

Ao chegar, recebi um aparelho com fone onde é possível digitar o numero correspondente e ouvir explicações ou a execução do instrumento identificado.  As vitrines separavam as peças pelo período histórico, por grupos (instrumentos de cordas, por exemplo), ou por tipos de composições coletivas. Alguns instrumentos não estavam encapsulados por vidros, por isso ficam mais fotogênicos. Era raro encontrar alguma peça que pudesse ser tocada. Mesmo assim foi uma experiência intensa!

A visita foi coroada com um belíssimo concerto didático com uma contrabaixista fofa - não consegui descobrir o nome dela. Essa instrumentista tocava belamente e depois discutia com as crianças aspectos instigantes dos sons que foram emitidos, fazendo com que os pequenos percebessem, por exemplo a diferença de tempo no uso do dedo ou do arco, a relação entre a angulação dos dois tipos de arcos que ela trazia e a força do som que eles emitiam, o uso da partitura, o trabalho em equipe dos instrumentos na orquestra. Ela permitia que as crianças fizessem perguntas, tocassem nos objetos de demonstração como as cordas que emitem sons graves e agudos.  Por último sugeriu que os alunos observassem a diferença do som após o uso da resina.  As crianças ouviam com muita atenção: as crianças francesas sussurram! Caso contrario eram firmemente apreendidas por seus responsáveis. Uma criança que estava na minha frente ganhou um cascudo! Ela estava no grupo da escola. Teria sido a professora?  Ai que susto!







quarta-feira, 18 de junho de 2014

Os sem línguas

Esqueci de contar pra vocês que no aeroporto Tom Jobim, ao fazer o checkin da minha passagem para Londres, descobri que não existe o botão "português" naquelas máquinas que foram criadas para acelerar o processo do embarque. Fiquei sem entender a razão, de no território brasileiro, a língua pátria  não ser uma opção.

 Será que eu sou a única brasileira com restrições de leitura em línguas estrangeiras? Não creio. Quantos brasileiros estão viajando hoje, ainda que não tenham tido a chance de estudar em escolas bilingües, ou não tenham vivido experiências de  intercâmbios, nem tiveram professores de línguas em cursos particulares?

 Porque fingir que essas pessoas  não existem? Vergonha nacional é a educação que a maioria dos brasileiros têm acesso e não essas pessoas que corajosamente enfrentam suas limitações e ajudam a manter a industria do turismo, movimentando milhares de dólares.  Onde estão as autoridades que deveriam garantir a inclusão da nossa língua no território brasileiro e criar programas de tradução em prol da cidadania do turista no Brasil e no exterior?

Eu viajo sim, sem medo ou vergonha por não dominar esse ou aquele idioma. E quando digo que sou brasileira, costumo ser brindada com um sorriso. Linguagem essa em que todos os povos se entendem!


Mutilados

"Todo mundo ama, todo mundo chora... e cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz."
                                                                                                              Renato Teixeira


A França possui um dos mais altos índices de suicídios do mundo. Uma cidade simplesmente linda, com invejável solidez nos direitos trabalhistas e na qualidade de vida deveria ter gente mais feliz.

Pensar sobre isso me fez lembrar de uma aluna que recentemente publicou uma foto em que levava a crer que ela havia feito cortes em diversos locais de seus braços. Transitando pelas quadradas ruas de Paris, onde apesar de estarmos no verão, o frio cortava a pele, contemplando seus castelos, fiquei pensando nos motivos que leva uma menina linda, que também vive em um mundo de fantasias, a mutilar o corpo? Seria a dificuldade de aceitar quando alguém lhe nega um objeto de desejo? Seria a imaturidade que a fixa em um lugar restrito onde ela não consegue enxergar muito adiante? Seria uma tentativa de deixar de ser invisível? Ou teria ela perdido algo tao importante que decidiu sinalizar na carne que a vida não faz muito sentido?

Como fazer com que essa menina e tantas outras pessoas, inclusive os franceses, se vejam como pessoas que valem mais do que um capricho, mesmo quando é algo importante como um emprego? Como fazer com que elas saiam de seus quarados e percebam que um não pode ser uma oportunidade de conquistar algo maior no futuro e que o sentido da vida é simplesmente seguir em frente, sem pressa?

terça-feira, 17 de junho de 2014

Paris entre amigos




Amigos de verdade nos levam para viajar nos mais belos sonhos.  Rorigo e Lili, adoráveis brasileiros que vivem na França, amigos de longa data, têm sido meus anfitriōes, tradutores, guias, educadores e deliciosas fontes de alegria. Com eles é melhor sentir e comprar perfumes,  desfrutar as texturas arquitetônicas e ouvir as belas cançoes brasileiras e francesas. Estou incentivando os dois para que eles, prodissionalmente, atuem recepcionando brasileiros. Afinal, eles säo bons nisso!!!

Na caminhada de hoje me deparei com uma placa que homenageava um brasileirinho famoso: Santos Dumont. Essa placa me instigou nessa homenagem para os meus brasileirinhos!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Perdida em Paris

Visual do jardim do Trocadero e da Torre
Existe um lugar maravilhoso para se perder: Paris. Felizmente tenho um péssimo senso de direção e por isso dei muitos giros pela cidade; cabelo ao vento, a pé ou de bike, sentindo o sedutor cheiro do café. Na praça Trocadero me joguei na grama e chorei de saudade e de felicidade: alma lavada, montei no meu cavalo prateado e voltei para casa - mas antes dei voltas e mais voltas... Ainda bem que o sapato era Riva!




quarta-feira, 11 de junho de 2014

Rumo à Paris para cantar, contar, fazer amigos e aprender muito

As coisas acontecem quando mais esperamos. Há tempos eu e minha trupe cantamos e contamos pelas festas e escolas da cidade maravilhosa. Nesses trabalhos, os cancioneiros populares e deliciosas músicas que encantam gerações no Brasil fazem todo mundo sacudir o esqueleto e soltar a voz, sem medo de ser feliz. Do mais tímido ao mais atrevido, não há quem escape! Porque música contagia e agrupa, diverte e sacia a alma. Nas festas, nas escolas, nas praças e centros culturais chegamos de mansinho. Nada de barulheira... exceto na hora em que o jacaré se esconde e no show da nossa mega banda de instrumentos imaginários. As canções e as histórias são cuidadosamente escolhidas de acordo com a demanda da escola ou o estilo do aniversariante porque a nossa meta é conquistar o público para fazer dele um grande coral. Geralmente o espetáculo dura uma hora e meia - tempo suficiente para propor exercícios de relaxamento, aquecer a voz, contar uma bela história e seguir no fio dela executando as canções do nosso repertório - que se mantém aberto às participações do público. É assim que todos incrementam o nosso trabalho e o personaliza: sempre novo de novo.  Mas dependendo da animação da galera, a gente vai ficando... Afinal, "ando devagar, porque já tive pressa....". E de tanto andar, estou indo pra França pra cantar e contar lá, como faço aqui. Espero abrir caminhos para voltar com toda a minha equipe que inclui pessoas de competência notável como Heder Braga, Rogério Lopes, Damião Luis Dionísio, Denise Brito, Ivan Oliveira, Míriam Teixeira, Gabriela Massa, Jp Silva e Beto Ribas.  Levo na bagagem apoios importantes como o dos calçados da Riva que tornarão minhas caminhadas mais confortáveis e charmosas. Também carrego comigo uma enorme gratidão pelas pessoas que no Brasil e na França investem nos meus sonhos e fazem o impossível acontecer.