Considerando ser esse um espaço para discutir educação - formal e não-formal, vou apresentar discussões que, embora pareçam exclusivamente de interesse de um grupo restrito - os futuros moradores do condomínio Cores da Lapa, podem interessar aos que pretendem comprar imóveis ainda na planta. Para situar vocês, tenho que começar pela idealização do empreendimento, que teria partido da secretaria municipal de urbanismo. Na época, a proposta de construção de um condomínio residencial na Lapa não convenceu as grandes construtoras do Rio de Janeiro, mas a construtora paulista Klabin Segal comprou a idéia e para a surpresa de todos, o lançamento foi um enorme sucesso. O site da Klabin informa que todas as unidades foram vendidas em duas horas, mas não foi bem assim. A minha unidade, por exemplo, foi comprada alguns dias antes, quando o corretor esteve na minha casa. De fato, houve ampla divulgação do projeto nas empresas e na mídia, enfatizando os esforços de revitalização e a imagem de polo cultural do bairro.
Resultado: cerca de 650 investidores, compraram o simpático projeto que incluía ampla área de lazer com quadras, piscinas, fitness, salas de judô e balé, spa, parede de escalada, cinema... tudo isso com a promessa de um custo condominial mais barato, água do prédio filtrada, cabeamento estruturado, sala de telemática, dentre outros serviços. Após mais de dois anos ruminando o sonho, resta uma pergunta: como está a relação de consumo entre esses cidadãos e a construtora? Como a prefeitura está encarando o projeto: será que a mudança de gestão implica em não considerar essas famílias?
Contradizendo o cronograma que recebemos ao longo da obra afirmando que os prazos estavam regularmente em dia, a entrega prevista para novembro não ocorreu. A vistoria do meu apartamento, por exemplo, foi agendada para março! Mas no contrato que assinamos, havia uma observação sobre possíveis atrasos. Aprendi que ao comprar um imóvel na planta não podemos contar com o prazo estabelecido porque parece que o atraso é a regra. Atualmente, o que mais me preocupa são os relatos que recebo dos meus futuros vizinhos que se organizaram em um grupo de discussão:
"Hoje (ontem) foi a vistoria do meu apto (Ed. Batuque...) e me deparei com o parapeito quebrado e rachado enfim, em péssimo estado. "
"...a vistoria, que por sinal foi uma tragédia total, o problema dos itens é q são muito técnicos e não tem como vc saber se realmente usaram aqueles produtos, a não ser o da tinta de parede q com certeza não é tinta latex PVA , aquilo está mais pra CAL do q qualquer outra coisa, se tiver oportunidade repare e tb reclame, pois vc encosta, ou passa a mão e sai toda branca.
Além de queixas, o grupo de discussão também pensa em medidas que possam amenizar os impactos da nossa chegada e favorecer a nossa acolhida. Ao ler os relatos dessas pessoas, penso no sentido da palavra compromisso e em como esse conceito se estabelece entre a construtora, seus clientes e a prefeitura. De que modo os futuros moradores da Lapa serão recebidos? Como resgatar os interesses originais que aglutinaram pessoas nesse charmoso espaço carioca? Acredito que essas questões trazem inúmeras aprendizagens e torço para que todos estejam ávidos por aprender.
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