Além de professora de biologia, atuo como contadora de histórias. Por isso, concluí que eu não poderia deixar de visitar o 10º Salão FNLIJ do livro infanto-juvenil no MAM-RJ. No último sábado levei minha mãe e minha filha para essa "viagem", mas não tivemos muita sorte. Além de um calor insuportável e do ambiente lotado, os preços dos livros estavam proibitivos. Pelo menos os livros com histórias que eu tenho prazer em contar. Por exemplo, o livro "O Pote Cheio" de Demi me foi oferecido por 29 reais, mais do que os 27 reais que eu havia investido na semana anterior em uma livraria considerada elitizada: a Prefácio de Botafogo.
Em um dos stands vi uma mãe perguntando o preço do fascinante livro "Toda criança gosta", ao ouvir o valor ela respondeu humildemente: deve ser bom mesmo! Longe de ser ingênua, essa fala denuncia que a política adotada pela maioria das editoras é elevar os preços dos livros que fazem pensar e sonhar. Daí em diante comecei a observar a postura da maioria dos pais que visitavam a feira: de mãos para trás e jeito desconfiado eles olhavam, olhavam, mas raramente compravam. Possivelmente muitos se encantavam, mas não investiam tanto quanto gostariam.
Embora cresça o interesse por esse artigo tão fundamental na formação do ser humano, ainda é tímido o investimento em livros infantis pelo grande público, até porque faltam recursos financeiros e hábito da leitura. Sem esses atributos, como conquistar a sensação de segurança para escolher o livro certo diante de tanta oferta? Uma das saídas é apelar para as promoções. Então fica a questão: quais os livros que estão sendo mais vendidos durante o evento e para quem? Definitivamente me recuso a comprar livros em que as crianças são representadas em forma de "diabinhos" gritando: "quero o meu jantar". Também me recuso a oferecer para as minhas crianças um livro em que um papagaio aparece fumando um charuto. Isso para citar apenas duas obras que considero impróprias para menores. Entretanto, esses livros eram vendidos no salão por cinco reais, um valor que a maioria dos pais estavam dispostos a pagar, ou eram oferecidos gratuitamente – sem comentários!
Para não sair de sacola vazia, levei pra casa um primor de livro ilustrado por Mariana Massarani e escrito por Renata Pentegill "A criança mais importante do mundo". Primeiro a simpática atendente me disse que o livro custaria 21 reais, mas com uma tímida negociação ele me saiu por 18 reais. Ao chegar em casa, procurei um link para indicar a obra aos meus amigos e descobri que na Americana.com o livro me sairia por menos de 15 reais – sem ingressos ou estacionamento. Ou seja, é possível comprar bons livros, sem gastar muito, mas essa não parece ser uma preocupação dos expositores que eu visitei.
Conhecer e discutir com os autores preferidos é uma experiência valiosíssima. Além disso, a colisão dos saberes que ocorre nos encontros dos leitores que partilham suas paixões literárias compensa o esforço das pessoas que se empenham para que a feira aconteça. Mas é preciso que a qualidade do material exposto seja discutida de forma crítica e isenta de interesses meramente econômicos.
Vivendo em uma cidade que, embora maravilhosa, transmite o medo de abrir as janelas, escolho contar histórias que ampliem a capacidade de sonhar, como o maravilhoso livro de Frank Asch "Feliz Aniversário, Lua". Quero que meus meninos aprendam a amar o corpo que carregam, seus colegas e professores, seus pais e o ambiente em que vivem. Por isso, a cada semana, para cada turma, ofereço um novo livro, escolhido com cuidado e carinho. Uma tarefa árdua e cara!
domingo, 1 de junho de 2008
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Um comentário:
Sil, fiquei muito feliz em ver que você aproveitou o espaço blog para apresentar suas idéias e talentos. Espero que você possa contribuir e estimular os pais, professores, avós, tios, amigos a entender o valor da educação para uma sociedade equilibrada e feliz. Sucesso, é o que deseja sua sogra coruja, Rose.
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