Vida de blogueiro não é nada fácil: temos muito trabalho não remunerado e pouco reconhecimento de nossos pares e da chamada mídia oficial. Mesmo assim, começam a pintar autoridades da blogosfera: gente que vive disso e que é respeitada. Um exemplo de blogueiro de sucesso é Carlos Cardoso, por isso ele não poderia faltar ao II EWCLIPo. Além de seu blog pessoal, ele mantem um dos populares blogs nacionais, o Contraditorium, e é membro da equipe do Meio Bit.
Seus blogs dele não são exatamente de ciência, embora ele costume tratar o tema. Para Cardoso, a grande vantagem do blog científico é permitir que assim que uma pesquisa de ponta é divulgada, as pessoas possam dialogar com o pesquisador autor de blog. Cardoso é jornalista, especialista em mídias sociais e tem onze livros publicados: um nerd assumido!
A palestra dele foi divertida até no título: Tudo que você sempre quis saber sobre blogs profissionais mas nunca teve coragem de perguntar a Darwin. Ele começou lembrando dos primeiros passos que deu na blogosfera, ainda na década de 90, quando o espaço oferecido pelos servidores era reduzidíssimo e ainda não havia interatividade. Para ele, o grande salto nessa caminhada foi quando o leitor pode interagir com os textos através dos comentários.
Existem blogs para todos os gostos: diário pessoal, vitrine profissional, divulgação de hobbys ou denúncias, cabides para os internaltas pendurarem aquilo que eles chamam de "achei na web" e outros. Cardoso prefire blogs de que geram conteúdos, especialmente o metablog, o blog que fala de blogs, fazendo circular informações que servem de material de textos para o próprio blog. Ele nos fez rir da idéia do blog coletivo: aquele que reúne um monte de gente sem tempo onde ninguém escreve; mas tem 10 autores. Ele também alfinetou o Personal Carl Sagan, que transforma todo mundo em divulgador científico. Ah, que maldade!
Para falar de marketing na blogosfera, Cardoso apontou algumas possibilidades de remuneração:
Ganho indireto:
- o blog é uma vitrine que pode gerar propostas de emprego.
- posts pagos: uma empresa contrata o blogueiro para escrever sobre um produto. O autor deve deixar claro que trata-se de um texto publicitário e que portanto, não necessariamente reflete a sua opinião;
- banners: serviços oferecidos pelo adsense, UOL, Yahoo! e outros serviços que geram publicidade automática, de acordo com o conteúdo publicado. Não dá trabalho ao blogueiro, mas rende pouco;
- links patrocinados (HOTWords, Buscapé, Jacotei);
- pagamento por associados (Mercado Livre etc.). Cada associação nova rende cerca de 12 reais. Problema: dá trabalho e como todo mundo tem mercado livre, não vale muito a pena;
- comissão passiva: Mercado Livre (comissão de venda);
- comissão ativa (Submarino) como os valores são mais altos, a comissão é significativa;
- consultorias.
Ele advertiu que quanto mais lucrativa é a ferramenta, mais trabalho ela gera ao blogueiro. Como diria a minha avó: rapadura é doce, mas não é mole!
Uma dica importante é que livros geram excelente comissão. Por isso, Cardoso sugere usar links do submarino ou outros ao publicar resenha de livros. Pretendo seguir esse conselho: meu cofrinho e as mães que querem incrementar a biblioteca de seus filhotes agradecem!
Cardoso citou como estratégia eficaz análise de filmes e livros da moda, oferecendo ao leitor diferentes pontos de vista e a possibilidade de comprar o produto.
Ele também trabalhou o conceito de visitantes legítimos, aqueles se interessa pelo que encontram no blog e os paraquedistas: aqueles que cairam no seu blog por engano. São esses últimos que costumam gerar clicks rentáveis. "Todos sonham com visitantes legítimos, que deixam excelentes comentários, mas a maioria dos visitantes é de paraquedistas: Trolls, Salsinhas, Fundamentalistas, Teóricos da Conspiração e outros visitantes unicelulares."
Cardoso ensina que os Trolls devem ser ignorados porque entram apenas para brigar: apague os comentários ofensivos e esqueça que ele exista!
Ele chama de salsinhas, aqueles que enviam comentários com bobagens. Diferem do usuário leigo porque esse tem vontade de apreder. Os salsinhas servem de catarse: desejam todo mal do mundo em nome do amor. As vezes ele mantém os comentários dos salsinhas por fins cômicos
Fundamentalistas são aqueles que têm uma idéia e não abrem mão dela — eu conheço vários blogueiros assim. Os piores, na opinião de Cardoso, são: ateus radicais e militantes. Realmente, esses são chatíssimos!
Ele lembra que se um post ou um comentário gerarem uma sensação de ofensa no leitor, o blogueiro pode ser processado. A sua resposabilidade legal não está apenas nas coisas que o blogueiro escreve, mas em tudo o que os outros escrevem também. Portanto, limpar os comentários inadequados é importante para quem quer sobreviver na blogosfera.
Teóricos da Conspiração é outra categoria de visitante que se caracteriza por nunca estarem satisfeitos: sempre terão novas conspirações. Para Cardoso, a conspiração inspira temas interessantes.
Portanto, para conquistar e manter os visitantes, Cardoso sugere práticas como: produção de conteúdo, discussão de assuntos em ênfase na mídia, análise de programas da TV e do cinema; redação de comentários em outros blogs.
Ele também apontou algumas falhas recorrentes entre os blogueiros: aqueles que querem chocar por chocar, (se quiser chocar, busque contexto); os que usam o paradoxo Jabor e reclamam de tudo: esse tipo de blogueiro rapidamente se transforma em um chato (faça crítica equilibrada — de algo que vc gosta).
Cardoso terminou sugerindo maior integração com outros blogs, inclusão de formulários de contato, de mini-currículo, de uma política de comentários bem definida e da definição da linha editorial. Mas o que mais importa para ele é que a atividade seja divertida: "faça porque gosta!"
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