Hoje é o dia da "formatura" da primeira turma do curso de Ecologia do Parto e eu não poderia deixar de registrar aqui a minha impressão como pertencente à esse grupo privilegiado. Como é típico acontecer na hora do parto, ao longo do curso, experimentei muitas delícias e algumas dores.
Foi delicioso ouvir Heloísa Lessa e Michel Odent falando de suas impressionantes experiências com as grávidas e trazendo ricas reflexões teóricas. Os convidados especiais também eram ótimos e as horas passavam sem que a gente se desse conta, tornando o grupo mais coeso a cada encontro. Mesmo sem provas, eu devorava os textos que a Helô gentilmente selecionava para cada aula e pensava no vazio que ficaria quando aqueles encontros não existissem, mas descobri que a memória nos resgata da saudade e nos traz à mente o que aprendemos ou recordamos: uma espécie de sonho que queremos continuar sonhando, mas ao mesmo tempo queremos acordar para transformá-lo em realidade.
Por outro lado, foi doloroso descobrir que o momento mais especial da minha vida, quando a minha filha nasceu, poderia ter sido menos traumático. Se os médicos lessem mais nesse país teríamos menos intervenções desnecessárias e danosas e talvez caissem os vergonhosos índices de partos cirúrgicos. Se o governo se preocupasse de fato com a saúde da mulher teríamos mais partos em casa - como ocorre na Holanda e na França - e as mulheres poderiam escolher onde e como querem parir. Se a sociedade buscasse e tivesse acesso à informação, descobriria que é a gestante saudável quem faz seu parto e que a única "tecnologia"que precisa para parir é a companhia de uma mulher sábia, como os franceses chamam as parteiras. Mas como formar essas parteiras? Michel Odent e Heloísa Lessa sabem. Agora vamos esperar que eles consigam resgatar os cursos práticos de parteira, extintos por uma política que privilegia o lucro em detrimento do interesse feminino.
terça-feira, 7 de abril de 2009
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