quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A viagem do padre


Já se passaram três séculos, mas parece que foi ontem: Bartolomeu de Gusmão (1685-1724) impressionou a corte portuguesa ao fazer voar pela primeira vez um objeto mais pesado que o ar. Eu adoraria estar viva nesse dia 8 de Agosto de 1709 e conhecer o jovem padre luso-brasileiro de 24 anos.
Desde aquela época, os inventores eram chegados ao segredo e isso dificulta um conhecimento mais preciso sobre os voos de Gusmão, por isso fica uma dúvida no ar: esses voos eram pilotados? Parece que não. Apenas em 1783 os irmãos Montgolfiera protagonizaram a primeira ascensão humana em balão. De todo modo, a máquina voadora do padre, apelidada de "Passarola", mexe com a nossa imaginação. Ela aparece no romance "Memorial do Convento", de José Saramago. Você já leu?
Gusmão também escreveu sobre o seu invento e esse "manifesto" está na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Adoraria dar uma passadinha lá para ler. Vamos? Essa biblioteca guarda também uma petição do padre ao rei D. João V para lhe ser concedido o privilégio de só ele poder fabricar instrumentos para voar. Segue um trecho desse documento:
Senhor, diz Bartolomeu Lourenço que ele tem descoberto um instrumento para se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra e pelo mar, e com muito mais brevidade, fazendo-se muitas vezes 200 e mais léguas de caminho por dia, no qual instrumento se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos e terras mui remotas quase no mesmo tempo em que se resolverem: o que interessa a Vossa Magestade muito mais que a nenhum dos outros Príncipes pela maior distância do seu domínio, evitando-se desta sorte os desgovernos das conquistas, que procedem em grande parte de chegar muito tarde a notícia deles a Vossa Magestade.
Esse Gusmão não é uma figura?

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