domingo, 15 de fevereiro de 2009

Para manter o Elefante bem longe

Um dia desses sonhei que eu era uma das palestrantes de um seminário federal sobre a "Promoção do Amor". Por muito tempo fiquei ruminando essa idéia porque nunca ouvi falar desse tipo de iniciativa, muito menos partindo do poder público, embora eu venha de uma família que acredita firmemente que o mundo precisa de amor. Nessa concepção, não haveria espaço para a intolerância e todas as suas violentas consequencias se cultivássemos esse poderoso sentimento.

No sonho, o auditório estava lotado e havia uma fila enorme de palestrantes. Enquanto ouvia a abordagem político-filosófica das autoridades presente, fiquei pensando em como abordar aquele tema mantendo meus ouvintes acordados. Resolvi pensar em questões práticas e parti de um cenário que para mim é familiar: a escola. Comecei citando o filme "Elefante", que apresenta o assassinato de 14 jovens e um professor em Columbine High School, em 1999. O inusitado nessa obra é que o diretor GusVan Sant partiu da perspectiva dos alunos envolvidos de alguma forma na tragédia - é como se ele dissesse: eu quero ouvi-los porque me importo com vocês. Quando assisti esse filme, não pude parar de pensar em como o amor pode prevenir tragédias como a de Columbine. Imagine aqueles adolescentes trocando o acesso à armas tão poderosas por um projeto que os fizessem sentir importantes para o mundo, ou os pais daqueles meninos chegando mais cedo em casa para conviver com seus filhos, se importando com eles e quem sabe até descobrindo o armamento que seus filhos guardavam em casa - se é que isso iria acontecer. Imagine a escola atenta aos alunos para que o ódio não tivesse vez naquelas mentes confusas.

Ao acordar fiquei pensando em pequenas ações que fazem com que a família se sinta em um ambiente amável. Por exemplo, uma casa florida - vivemos dizendo que o mundo não é feito de flores, mas podemos fazer da nossa casa um mundo a parte, um lugar belo e realmente especial. As mulheres se queixam de não receber flores de seus amores, mas o que impede que elas combinem com os floreiros das feiras um preço especial para trazer frequentemente as flores para enfeitar a casa? Outro exemplo: cores. A família pode criar um mutirão para pintar a casa: vai ser divertido fotografar todos respingados e rir das manchas que ficaram. Pensem em outros exemplos: passeio ao ar livre; cabaninha de lençol para contar histórias, um cantinho e um instrumento para novas canções....

Sem medo do rótulo da pieguice, sigo pensando em como cultivar o amor na minha família, na minha escola, no meu mundo. Talvez assim o Elefante não nos perturbe.