Em abril desse ano comemoraremos 100 anos de uma grande sacada do cientista Carlos Chagas (1878-1934): a descoberta de uma nova doença humana identificando o parasito - o Trypanosoma cruzi - e seu ciclo evolutivo; o vetor - o barbeiro - e seus hábitos; o reservatório doméstico - o gato. Essa quase nobel “tripla descoberta” de Chagas é considerada única na história da medicina e um marco na história da ciência.
Esse herói, que é a antítese dos super-heróis dos quadrinhos, e seus colaboradores identificaram as diversas modalidades clínicas da doença, separando-as entre as fases aguda e crônica, descreveram minuciosamente a morfologia e o ciclo evolutivo do T. Cruzi no inseto transmissor e no hospedeiro vertebrado e estudaram a biologia das várias espécies de barbeiros transmissores. Realizaram investigações experimentais, produziram estudos sobre a patogenia (processo de evolução da doença) e a anatomia patológica (estudo das lesões provocadas pela doença por meio de necrópsias), desenvolveram métodos de diagnóstico, analisaram o papel dos reservatórios domiciliares e silvestres do T. cruzi e apontaram a relevância da doença como flagelo que impedia o desenvolvimento físico e social das populações rurais do país.
Se hoje dizemos que os cientistas fazem parte de uma elite, imagine no início do século XIX quando um número reduzidíssimo de homens chegavam às Universidades. Chagas entrou para esse seleto grupo quando tinha apenas 16 anos e ingressou na faculdade de medicina, mas logo percebeu que a torre de marfin não era o seu lugar e resolveu visitar os sertões mineiros. Ao olhar curioso de Chagas, o que era considerado insignificante ganhou atenção. Foi assim que ele ganhou destaque na mídia: nossa comemoração só seria maior se aquela condição miserável que Chagas encontrou no interior do Brasil tivesse ficado no passado.
Saiba mais sobre essa doença: Fonte: www.fiocruz.org.br
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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