Uma das funções da vegetação que margeia o rio é proteger esse ambiente aquático, mantendo o regime hídrico permanente. Desmatar é um crime ainda mais perverso quando atinge as matas ciliares: assim como os cílios protegem os nossos olhos, as matas ciliares protegem os nossos rios. O problema é que o criminoso nem sempre tem ciência de que as estruturas que ele elimina - folhas, galhos, troncos e raízes estão intimamente ligados ao solo, para permitir que a água penetre lentamente, alimentando o lençol su. No solo exposto, a água não consegue infiltrar com facilidade naquele solo ressecado e compactado. Essa água, que alimentaria o rio e os lençóis subterrâneos se acumula e provoca as terríveis enchentes. Além disso, sem as raízes, a terra fica solta e é facilmente carregada para dentro dos rios, no fenômeno conhecido como assoreamento.
O agricultor perde área de plantio, porque aos poucos a erosão toma conta do terreno. O rio, ao ser aterrado, recebe uma grande quantidade de sais minerais que estavam na lama. Esses sais servem de alimento para as algas e o aumento da população das algas é o que mudará o tom da água para verde. Os seres que vivem no fundo do rio, a chamada comunidade bentônica, é severamente afetada.
O excesso das algas dificulta a entrada de luz, elemento fundamental para a fotossíntese e com isso os seres que vivem na água produzem menos oxigênio. Mas há uma população que se beneficia com todas essas mudanças: a das bactérias. Elas se reproduzem rapidamente porque passam a ter mais elementos para decompor - os seres que morreram soterrados e/ou sem oxigênio. Essa festa das bacs libera gases fétidos e tóxicos.
Por tudo isso, as leis que regulamentam a distância do plantio próximo aos rios deve ser defendida não apenas pelos ambientalistas. O não cumprimento dessas leis implica em perda de biodiversidade, qualidade de vida e inesquecíveis belezas naturais. Os moradores das cidades que ainda possuem rios e lagos de qualidade, devem militar em favor desse patrimônio porque recuperar é sempre mais caro. Mas os cidadãos que convivem com ambientes aquáticos que um dia foram vítimas da ignorância, da avareza ou do descaso, deveriam colocar a cabeça para pensar: o que ainda pode ser feito?
quarta-feira, 16 de março de 2011
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