sexta-feira, 15 de maio de 2009

A formiga e a cigarra: ontem, hoje e sempre

Contar histórias para crianças não é tarefa fácil. Elas são curiosas e sempre estão dispostas a saber mais, por isso, uma pesquisa aumenta as chances do sucesso na introdução de uma nova história. Eu estava pesquisando sobre a fábula de La Fontaine e me encantei com esse:

A Cigarra e a Formiga
(Adaptado da obra de La Fontaine)

Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou:
- Ei, formiguinha, para que todo esse trabalho? O verão é para gente aproveitar! O verão é para gente se divertir!
- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno.
Durante o verão, a cigarra continuou se divertindo e passeando por todo o bosque. Quando tinha fome, era só pegar uma folha e comer.
Um belo dia, passou de novo perto da formiguinha carregando outra pesada folha.
A cigarra então aconselhou:
- Deixa esse trabalho para as outras! Vamos nos divertir. Vamos, formiguinha, vamos cantar! Vamos dançar!
A formiguinha gostou da sugestão. Ela resolveu ver a vida que a cigarra levava e ficou encantada. Resolveu viver também como sua amiga.
Mas, no dia seguinte, apareceu a rainha do formigueiro e, ao vê-la se divertindo, olhou feio para ela e ordenou que voltasse ao trabalho. Tinha terminado a vidinha boa.
A rainha das formigas falou então para a cigarra:
- Se não mudar de vida, no inverno você há de se arrepender, cigarra! Vai passar fome e frio.
A cigarra nem ligou, fez uma reverência para rainha e comentou:
- Hum!! O inverno ainda está longe, querida!
Para cigarra, o que importava era aproveitar a vida, e aproveitar o hoje, sem pensar no amanhã. Para que construir um abrigo? Para que armazenar alimento? Pura perda de tempo.
Certo dia o inverno chegou, e a cigarra começou a tiritar de frio. Sentia seu corpo gelado e não tinha o que comer. Desesperada, foi bater na casa da formiga.
Abrindo a porta, a formiga viu na sua frente a cigarra quase morta de frio.
Puxou-a para dentro, agasalhou-a e deu-lhe uma sopa bem quente e deliciosa.
Naquela hora, apareceu a rainha das formigas que disse à cigarra: - No mundo das formigas, todos trabalham e se você quiser ficar conosco, cumpra o seu dever: toque e cante para nós.
Para cigarra e paras formigas, aquele foi o inverno mais feliz das suas vidas.

Um pouquinho sobre o autor:

O poeta francês Jean de La Fontaine (1621-95) é mais conhecido por suas 243 Fábulas, que as escreveu em um período de 26 anos, entre 1668 e 1694. Inspirado pelas Fábulas de Esopo, as fábulas de La Fontaine envolviam um elenco corriqueiro de coelhos, gafanhotos, formigas, raposas e outros animais. Escritas em verso, as Fábulas são lidas há várias e sucessivas gerações de crianças francesas sendo, também, muito apreciadas pelos leitores adultos em virtude de seus comentários satíricos sobre a natureza humana. Esta cópia de uma edição infantil, do final do século XIX, pertenceu ao juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Oliver Wendell Holmes Contém versões ilustradas de 26 das Fábulas, incluindo a mundialmente famosa "A Tartaruga e a Lebre" e "A Raposa e as Uvas". Louis-Maurice Boutet de Monvel (1851-1903) foi um pintor francês e ilustrador de livros infantis. Entre suas obras mais conhecidas está uma série de pinturas sobre a vida de Joana d'Arc, atualmente nas coleções da Galeria Corcoran em Washington, DC.

Nessa pesquisa, me deparei com uma versão do Walt Disney altamente inspiradora:



Como os tempos estão mudados, nessa outra versão "Fábulas Modernas", quem se dá bem é a cigarra:



Mas prefiro mesmo a versão antiga, principalmente se bem contada por uma contadora de histórias:



... ou por uma pequena ouvinte que um belo dia sai contando a história que ouviu

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