A maioria das mulheres do meu convívio são, como eu, mães e profisisonais. Elas saem bem cedinho e voltam para casa no final do dia. Para as que chegam mais cedo, restam tarefas domésticas ou, caso sejam professoras, terão uma longa jornada de planejamento de aulas, correção provas... Mas o que interessa é que elas são consideradas dentro do padrão: trabalhar fora é um dos dogmas da nossa contemporaneidade. É evidente que a questão econômica pesa nessa decisão, mas se é possível manter as necessidades básicas com o que um dos dois ganha, porque não priorizar o desenvolvimento cultural, físico e emocional dos filhos? Quem conhece uma instituição capaz de imprimir em uma criança a identidade e os valores da sua família?
Mesmo assim, poucas mulheres que eu conheço, aliás pouquíssimas, optaram por atuar em casa cuidando dos filhos. Menor ainda é o grupo dos homens que resolvem ficar em casa com a nobre função de educar. Nesse seleto grupo, há sempre uma necessidade por parte de quem fica, de buscar tarefas ligeiramente lucrativas para se sentirem um pouco menos "dependentes" e "culpad@s". Mas afinal, assumir o papel de cuidar dos filhos em tempo integral não é suficientemente nobre? É evidente que esse papel não exclui a possibilidade de crescimento intelectual e cuidados pessoais, mas eu não entendo o que move essas pessoas para fora de casa, considerando que há casos de mães (principalmente) que ganham menos do que pagam pela creche de seus filhos.
Por mais exaustivo ou maravilhoso que seja um dia de trabalho, o momento mais árido do meu dia é quando eu ouço a minha filha me chamando de manhã enquanto eu estou me arrumando para sair. Eu adoraria permanecer ao lado dela, preparar-lhe o café da manhã, brincar, ler, fazer dormir, dar broncas, ensinar coisas novas. Mas ao contrário de tudo isso, não a vejo durante o dia todo. Não sei com quem ela brincou, quem a fez chorar ou sorrir, o que ela descobriu naquele dia e como ela ainda não fala fluentemente, não tenho como perguntar: como foi o seu dia?
Benditas são as mulheres que não precisam sair pela manhã ao som do choro de seus filhos chamando "mamãe". Mais felizes ainda são aquelas que podem contar com uma estrutura econômica e emocional para fazê-las seguras de que o papel que escolheram, conscientemente, significa muito e que por isso, deveriam ser valorizadas em grande medida por seu companheiro e pela sociedade.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
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Um comentário:
Quem me dera poder ficar em casa cuidando dos meus filhotes.É como vc mesmo disse, benditas e sortudas são as que podem ser mães em tempo integral. Mas o pouco tempo que passo com eles procuro passar com qualidade. Bjim
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