quarta-feira, 4 de março de 2009

Navegar em sala é preciso


Felizmente, trabalhar com papel se tornou contraproducente: as árvores devem estar comemorando! Atire a primeira pedra quem nunca se perdeu em meio aos papeis do escritório e/ou da escola. Às vezes tenho a sensação de estar soterrada! Por isso, adoro encontrar um doc-tesouro que alguém, por pura bondade, colocou "na nuvem" como a internet tem sido chamada.
Oxalá que cada um dos meus alunos tivessem cadernos 3G! Embora eu também não dispense uma boa aula expositiva, não abro mão dos recursos multimídia. Na minha área, biologia, mostrar como acontece é condição para a aprendizagem significativa e quase impossível sem o uso da imagem e do som.

Se meus alunos tivessem liberdade para usar seus notebooks em sala seria uma boa oportunidade para pesquisarmos juntos, trocando descobertas e navegando por novas rotas: sempre com uma boa bússola!


Proteínas: Estudem!!!

alguns professores fofos disponibilizam na rede as apresentações de suas aulas. Veja um exemplo que pode ser acessado por alunos dedicados como você:


Biologia PPT - Proteinas

Quem quiser revisar toda a matéria de bioquímica, também pode clicar aqui.

* Valeu professores Édio e Rosane Soares!

Bibli o quê?

Você já ouviu falar sobre biblioterapia? É uma proposta terapêutica por meio de histórias infantis que tratam temas difíceis. A psicóloga Lucélia Elizabeth Paiva é uma das defensoras dessa idéias porque acredita que os livros podem ser uma boa chave para o diálogo com crianças que atravessam momentos difíceis como a separação dos pais ou a morte de um animal ou de uma pessoa queridos. Para Paiva, as narrativas de livros como "Minha Nova Mãe", "Dona Saudade", Não é fácil, pequeno esquilo", "Ana Levada da Breca" e "A Montanha Encantada dos Gansos Selvagens" podem minimizar o sentimento de solidão da criança porque provocam uma identificação com os personagens e aponta caminhos para o enfrentamento do problema. Além disso, através da leitura, os pais e educadores podem conquistam maior cumplicidade com as crianças, estabelecendo uma relação de confiança e diálogo.

Infelizmente nem todas as escolas investem em livros e quando isso acontece, nem sempre os bibliotecários se sentem à vontade para enfrentar temas densos. Assim, pode ser que os pais não encontrem, nas prateleiras das bibliotecas, os livros que tratam a dor da alma. Há também uma lacuna literária: a história de Luana, por exemplo, ainda não atraiu nenhum editor.

Eu não conheço os títulos sugeridos por Paiva, mas fiquei curiosíssima!

Olha só o que eu encontrei:

A MONTANHA ENCANTADA
DOS GANSOS SELVAGENS
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Havia, certa vez, um bando de gansos selvagens....
É preciso dizer que eram selvagens, para não confundir com os gansos domésticos.

Gansos domésticos têm medo de voar, não gostam das alturas, preferem viver fechados em cercadinhos de tela, desde que seus donos lhes dêem milho e verdura picada.
Ah! Como são diferentes os gansos selvagens.
Não sabem o que é ser bicho de um dono. São livres.
Voam muito alto. Viajam para lugares desconhecidos, distantes, ainda que isso seja perigoso.... São mais magros: devem ser livres para poder voar. E os seus olhos são diferentes.
É que eles viram estrelas e pores-do-sol que os gansos domésticos não podem ver.

Nossos gansos eram selvagens.
Viviam livres, sem dono, numa linda planície . Havia florestas, e o cheiro das árvores, pelas manhãs, era gostoso. Seus companheiros eram os outros bichos que amam a liberdade: veados, esquilos, sabiás, pintassilgos, borboletas, abelhas....

No centro da planície havia um lago.
Era ali que os gansos brincavam. Era ali que eles ficavam mais bonitos. Todo o mundo sabe que os gansos são desajeitados, bamboleantes e engraçados na terra firme. Mas na água ficam serenos e calmos, como os navios....

Lá viviam eles, alimentando-se de bichinhos e brotos tenros de verdura. Botavam seus ovinhos, chocavam gansinhos e os gansinhos cresciam....

MAS NEM TUDO ERA BOM. NADA É PERFEITO.

Às vezes o calor era demais. Ou frio demais. E havia os caçadores, com suas espingardas, dando tiros, rindo quando uma ave morria...

Foi ali que nasceu um gansinho, bem pequeno, menor que um ovo. Tinha de ser. Pois é dentro dos ovos que as gansas botam, que os gansinhos se formam, a pouco e pouco.

Seu pai lhe contou no ouvido, como num segredo, o nome que havia escolhido para ele.

Não.....não foi Roberto, nem Ricardo, nem Dirceu....Foi Cheiro-de-Jasmim."Porque todo mundo que sente o cheiro de jasmim sorri, feliz... Quero que meu filho seja feliz.....quero que ele faça os outros felizes", disse o papai Ganso.

"SE O PAI AMA O FILHO, o nome do filho deve ser algo que o pai TIRA DO FUNDO DE SEU CORAÇÃO."
Havia muitos nomes lindos de gansos: Chuva-e-tarde-de-verão....Sombra-de-árvore.....Liberdade....Vôo-Alto....Amigo.....Brilho-da-lua, etc...

Cheiro-de-Jasmim cresceu como todos os outros gansinhos. Não fez nada diferente. Aprendeu a andar, aprendeu a nadar, experimentou o calor e teve que se abrigar do frio, tremeu de medo ao ouvir o barulho das armas dos caçadores....

MAS HAVIA ALGO DE MUITO ESPECIAL.....Ele gostava das horas que todos os gansos se reuniam, quando o sol ia se pondo.....

O sol se refletia, dentro do lago. Parecia uma fogueira....E Cheiro-de-Jasmim não entendia por que é que a água do lago não apagava o fogo do sol, lá no seu fundo....

Esta era a hora em que os velhos se punham a contar estórias. E falavam especialmente das montanhas mágicas.....

MONTANHAS MÁGICAS. Elas podem ser vistas lá longe, justo onde o sol estava se pondo. Eram altas, misteriosas, encantadas, A primavera durava sempre..não havia calor nem frio demais.
E havia um fruto encantado, vermelho como o sol e que, se comido, fazia com que os gansos fossem jovens para sempre.

Até os velhos e aleijados voltavam a ter os corpos de outrora, perfeitos, fortes, belos.....E, sobretudo, lá não havia caçadores.
- Se as montanhas mágicas são tão maravilhosas, por que é que não nos mudamos para lá? - perguntou Cheiro-de-Jasmim.
- É que elas são altas demais - respondeu o velho ganso, contador de estórias.

Para se chegar até lá, o corpo tem que ficar leve, muito leve.....é preciso ser como uma libélula........um papagaio flutuando ao vento.....Somos pesados demais.....sabem por quê?
É QUE TEMOS MEDO DE TANTA COISA. É O MEDO QUE NOS FAZ PESADOS.E PORQUE SOMOS PESADOS FICAMOS COM AS CARAS TRISTES...CANSADAS....Quem tem cara triste não pode voar....mas quando o tempo vai passando, os gansos vão ficando leves, até que chega o dia do grande vôo....

Cheiro-de-Jasmim olhou para o seu pai.
Olhava este, para as montanhas encantadas. Já não havia mais o brilho do sol. Mas o brilho da lua as tornava mais belas ainda.
E ele notou que seu pai, outrora pesado e sério, estava ficando mais leve. Pela primeira vez ele sentiu uma tristeza de pensar que, um dia, eles se separariam. Mas, por que partir, se a vida é tão boa?
- É NECESSÁRIO PARTIR PARA CONTINUAR A VIVER, respondeu o velho ganso, adivinhando os pensamentos que passavam pela cabecinha de Cheiro-de-Jasmim....
- Quando se fica mais leve, fica difícil viver aqui. A comida, muito pesada, faz mal. O ar, muito pesado, faz mal. O frio dói nos pulmões. As coisas mais leves são mais belas e sobem mais.

Mas são mais frágeis. Precisam de um ar diferente. E por isso é necessário partir para as montanhas encantadas...

UM DIA O CORAÇÃO DIZ QUE É PRECISO PARTIR PARA CONTINUAR A VIVER. Quando isso acontece, chegou a hora da DESPEDIDA....

O tempo passou.
Cheiro-de-Jasmim cresceu. Vieram seus filhos. Ele ficou pesado como todos os outros. Enquanto isso seu pai ficava mais leve....
Até que chegou o dia do adeus. Nada mais segurava aquele ganso, mais selvagem e mais leve do que nunca.
Estava pronto para a viagem misteriosa.

Claro que havia algo que o prendia. O AMOR PELO LUGAR, O AMOR POR TODOS....E especialmente, o amor por Cheiro-de-Jasmim. Como ele o amava!......
Cheiro-de-Jasmim chegou-se ao pai, abraçou-o e perguntou:
- Quando você partir, vai sentir saudades?
O velho ganso se calou.
Cheiro-de-Jasmim continuou:
- Não chore.....eu vou abraçar você....

E assim, ficaram juntos, muito tempo, pensando que a vida era tão boa, tão bonita... O vento veio de mansinho, sem nenhum barulho. O velho ganso nem precisou bater as asas. Ele estava leve, leve.... e ele partiu para a montanha encantada.
Todos se reuniram, como sempre faziam quando isso acontecia....Todos falavam da saudade e choravam.....

O mundo já não era o mesmo....
Mas Cheiro-de-Jasmim podia jurar haver ouvido os risos de seu pai, tais como ouvira muitos anos atrás, quando era jovem e belo."
Rubem Alves

terça-feira, 3 de março de 2009

A nova Macabéa

Não há como não se lembrar de Ratatouille, a simpática animação da Disney onde um ratinho sonha em ser chef de cozinha, quando se assiste Estômago de Marcos Jorge. Na narrativa tupiniquim há uma perfeita Macabéa, incorporada por Raimundo Nonato (João Miguel). O mote do filme não é novo: conhecimento é poder, seja no butiquim, no restaurante de bacana ou na cadeia. Nesse caso, o conhecimento seduz pelo estômago e é assim que nosso herói conquista seu lugar ao sol — ou no ponto mais alto do beliche. As interpretações do pratogonista e sua namorada prostituta, vivida pela atriz curitibana Fabiula Nascimento valem o ingresso ou as horas sem sono, como provam os prêmios que Estômago faturou em festivais no Brasil e lá fora. Mas um tom professoral e uma musiquinha chata devem ter pertubado outros espectadores metidos a entender de cinema. Mesmo assim, para os amantes de cinema e gastronomia é diversão garantida.

O curioso é que Estômago é a primeira co-produção cinematográfica realizada a partir do acordo de co-produção bilateral Brasil-Itália, assinado no início dos anos 1970. Não me perguntem porque demorou tanto, mas achei interessante a idéia de um filme ter dupla nacionalidade: brasileiro para o Brasil e italiano para a Itália. Vida longa à essa parceria!

Luisa Pintora

Para quem está pensando em presentes que costumam agradar as crianças, uma dica é comprar quites de pintura. Esse que a Luisa está usando eu comprei na loja Etna na Barra e custou 45 reais. Ele já vem com cavalete, pincel e tintas. Vejam como a Luisa amou:





Há alguns anos presenteei a minha sobrinha Izabella de Paula com um quite de pintura para tecido. Hoje ela é uma artista incrível. Encomendei algumas camisetas para a Luisa, com personagens dos livros que ela gosta. Prometo mostrar para vocês assim que ela terminar.

pé-de-moleque pede palavra!

14 de março a 12 de abril de 2009
Caixa Cultural Rio de Janeiro
ENTRADA FRANCA

Exposição Interativa
Terça a sábado, 10h às 22h
Domingo, 10h às 21h encerra às 21h

Sessões para Escolas e Grupos:
Terça a Sexta, às 10h, 14h e 15h
Agendamento pelo tel.: (21) 2268-8873

Sessões Infanto-Juvenis:
Sábados, Domingos e Feriados, com retirada
de senhas 30 min antes, lugares limitados:
16h Palavras Andantes (a partir de 4 anos)
17h Bicho do Mato (a partir de 3 anos)

Sessões para Jovens e Adultos:
Sábados às 19h, com retirada de senhas
30 min antes, lugares limitados.

Rodas de Histórias
Sextas às 19h, com retirada de senhas
e inscrições para narradores 30 min antes.
E mais os seguintes convidados:
20 mar - Maria Clara Cavalcanti (grupo Confabulando) e Gabriel Sant´Anna Moreira
27 mar - Francisco Gregório e Luciana Zule (grupo Mosaico)
03 abr - Daniele Ramalho e Ana Cretton (grupo Confabulando)
10 abr - Sílvia Castro e Giovana Olivieri

Oficinas - Ateliês de Histórias
17 a 20 Mar / 24 a 27 Mar / 31 a 03 Abr (Mód 2)
(ter a sex, 18h às 21h, 20 vagas)
Inscrições a partir de 9 de março
pelo tel.: (21) 2268-8873

Caixa Cultural Rio de Janeiro
Sala Margareth Nascimento - sobreloja
(Av. Almirante Barroso, 25, Centro)
Tel.: (21) 2544-4080
www.caixa.gov.br/caixacultural

Os Tapetes Contadores de Histórias
www.tapetescontadores.com.br
HTTP://br.youtube.com/caducinelli (vídeos)
Andréa Pinheiro, Carlos Eduardo Cinelli, Edison Mego,
Helena Contente, Ilana Pogrebinschi, Rosana Reátegui e Warley Goulart

segunda-feira, 2 de março de 2009

O passado atraente

Hoje tive a grata surpresa de ler o depoimento da jornalista Andrea Wellbaum sobre partos naturais na Grã-Bretanha. Ela explica que lá, as mulheres são agraciadas com uma licença remunerada (porém não com o salário integral) durante seis meses e outros seis meses de licença não-remunerada e lembra que em outros países da Europa costumam ser ainda mais generosas!

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Wellbaum diz que temia ter um bebê em Londres depois de ouvir sobre experiências de midwifes (as responsáveis por fazer seu parto quando você não tem de ter uma cesárea) grossas e desatenciosas, de procedimentos errados adotados em situações de emergência, de mães machucadas depois do uso de fórceps... Como a maioria das brasileiras, o que ela mais temia era o parto sem nenhum tipo de anestesia, porque acreditava não ter que passar por este sofrimento.

Porém, ao se informar mais e mais sobre o assunto, mudou de idéia: "quero fazer o máximo para não ter de tomá-la (a anestesia peridural)".

O bebê de Andrea ainda não chegou, mas vamos torcer para tudo corra conforme o planejado: um parto natural e sem anestesia, se possível dentro da água. Andrea reconhece que essas condições são possíveis Brasil, mas sabe que custaria caro. Ela afirma que em Londres esse serviço é bancado pelo sistema público: acorda Brasil!!!

Porque será que os partos em casa vem aumentando nos países desenvolvidos? As mulheres podem optar por midwifes particulares ou pelo serviço disponibilizado pelos hospitais públicos. Será que esses hospitais fariam isso caso os custo ou os riscos fossem maiores?

O depoimento de Wellbaum é uma referência à valorização da forma mais antiga de dar à luz, com menos intervenções médicas e mais respeito aos instintos naturais da mulher durante o trabalho de parto.

"Não é preciso ser nenhum especialista para saber que quando uma mulher está deitada em uma cama o bebê não conta com a ajuda da gravidade para sair do útero e pode demorar mais em sua jornada para o mundo. Por isso, existe um incentivo cada vez maior ao partos verticais, com a mulher de pé ou de cócoras.

Também não é preciso parar para pensar muito para saber que ficar de pernas abertas em frente a um monte de pessoas desconhecidas sob uma poderosa luz fluorescente de hospital ouvindo a palavra: "Empurra! Empurra!", como se fosse um grito de guerra de estádio de futebol não é a experiência mais prazerosa do mundo e tem tudo para potencializar uma dor que talvez seria menos intensa em um lugar calmo, menos iluminado, com uma música tranquila de fundo e o menor número de pessoas olhando para você. Estes lugares são chamados de "birthing centres", locais que contam apenas com midwifes (não existem obstetras nem anestesistas), que tentam fazer a grávida ter uma experiência parecida com a que teria se estivesse em sua casa.

Não sei como será minha experiência e confesso que estou cada vez mais ansiosa para a hora H. Continuo achando que o sistema de saúde daqui tem lá suas falhas e que como brasileira sinto falta de um acompanhamento pré-natal mais pessoal. Mas no fim das contas, até agora tive todo o tratamento necessário e se tudo culminar com uma bela experiência de parto, que resulte em um bebê e uma mãe saudáveis, melhor ainda!"