
Na palestra de Daniel aprendi que quem deseja abrir o próprio negócio precisa distinguir duas identidades: empresa e empresário e que é fundamental saber a diferença entre pró-labore e retirada de lucros.
O pró-labore é um compromisso da empresa com o trabalhador, o dono, e deve ser um valor fixo e mensal, preestabelecido de acordo com o valor de mercado Somente recebe esse "salário" o sócio que trabalha de fato: o dono que não está ativo no negócio, denominado sócio investidor, terá direito apenas à sua parte na chamada retirada de lucros.
A "Retirada do Lucro" é aquele momento de comemoração que acontece geralmente no final do ano, quando o desempenho positivo, lucro, é comprovado. "Nunca retire 100% do lucro, prepare-se para eventualidades e para reinvestir na empresa", alerta Daniel.
Tendo ou não lucro, a empresa deve ter firme compromisso com o pagamento do pró-labore. Não fazer esse pagamento pode mascarar sérios problemas financeiros, além de comprometer o desempenho desse trabalhador. Um erro constante é a retirada variável de acordo com o desempenho: ao ver muito dinheiro entrando, alguns empresários - e seus familiares - aproveitam para esbanjar e é aí que mora o perigo.
Daniel defende a separação total dos cartões de crédito, conta corrente, compras, contas e cheques: gastos pessoais não podem ser confundidos - quando os governantes confundem gastos públicos e privados costumamos nos indignar, mas no meio empresarial isso é recorrente. Abrir uma conta no nome da empresa e operar nessa via tudo e somente o que for do estabelecimento, é importante inclusive para efeitos fiscais.
Para calcular o pró-labore, deve-se ter um pé na realidade e questionar: se uma pessoa fosse contratada para fazer esse serviço, quanto cobraria? Um valor muito acima do mercado, pode comprometer a saúde financeira do estabelecimento. O cálculo também deve considerar o planejamento orçamentário da empresa.
O lucro da empresa não deve ser confundido com o lucro pessoal do empresário: "Os empresários precisam entender que os valores recebidos pela empresa são da empresa e não deles!", ensina Daniel. Para calcular o lucro pessoal, o empresário deve subtrair o valor do pró-labore às despesas do seu custo de vida. Essa diferença é o lucro pessoal e deve ser algo que compense o trabalho, sem comprometer a saúde financeira da empresa.
Estabelecer um pró-labore fixo permite que o empreendedor enxergue o resultado acumulado ao longo dos meses e tenha a chance de perceber quando está no vermelho ou quando as coisas realmente vão bem. Assim, além das receitas e despesas, o pró-labore é somado ao resultado mensal.
Ao avaliar o desempenho da empresa ao longo de um considerável período de tempo, os sócios podem decidir aumentar o pró-labore. Entretanto, se o patamar atingido não permitir essa operação, o valor continuará fixo, podendo inclusive ser reduzido se for inevitável e conveniente para todos os envolvidos.
Enquanto os empresários brasileiros continuarem acreditando que possuem uma árvore de dinheiro e não souberem separar essas coisas, continuarão vendo seus negócios indo para o buraco. Se tiver que escolher, é melhor que a sua empresa opere no vermelho do que perder o seu patrimônio e o da sua família.
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