terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aridez

Ler "O Quinze" de Rachel de Queiroz me fez viajar para aquele 1915. Hoje quero sugerir essa deliciosa leitura e partilhar um poema que engavetei em 2004:


Ah meu sertão,


Ser tão


Secura doída


Matizes de cores que vibram


Refletindo a luz que racha o solo


Num clima onde explode vidas severinas,


quebra a lógica do ciclo


e mantém o mistério que faz fluir a seiva


Paisagem tostada, ressequida, exótica e bela


Vida estéril transitando íris desoladas


das espécies que não suportam o próprio peso


e servem de alimento para aves negras 


enquanto suspiram pela última vez


Esse ser tão dolorido


Ao mesmo tempo um ser tão guerreiro


Ou quem sabe ser tão sofrido


Percebido como ser tão eclético


Permanece um ser tão explorado


Mesmo sendo um ser tão rico


o meu sertão

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