por Luis Santos
“A única coisa constante no mundo é a mudança.” A bela frase, candidata séria a principio básico do milênio, me foi cantada, anos atrás, como sendo de doutrina budista.
Seguir ao pé da letra frases de efeito é um mal do século. Adoramos e idolatramos frases curtas e profundas. Tentamos também aplicá-las às nossas vidas e encontrar paralelos em situações cotidianas, onde as mesmas se encaixem com uma luva, provando-se certas.
Não há contradição entre este princípio e a ideia de que nem sempre o novo é melhor que o antigo? Xi, dois princípios belos, chiques e contraditórios? E agora, José?
A notícia abaixo, do Jornal o Globo, chega a causar indiginação? Não, se vemos as coisas pelo lado budista. Assim nos resignamos devido à força inexorável que tudo muda.
Escola pública de SP joga no lixo e queima dezenas de livros
Mas é para ser assim? Será mesmo que os livros eram tão sem importância, e deveriam dar lugar a outros, mais novos e modernos?
Será que uma edição de Julio Verne, de 1938, merecia tal tratamento? Ser jogada no lixo e queimada?
Por favor não tracemos paralelos com as queimas de livros perpetuadas pelos inquisidores, nazistas, quem quer que seja. O que ocorreu não é uma reedição de Fahrenheit 451.
É apenas o caminhar segundo o principio budista citado. Mas feito sem pensamento, sem reflexão, sem remorso de ver um livro antigo, belo, ainda forte e respeitoso, com seu sedoso papel de outrora, com suas tipografias de outrora, com suas capas rígidas e esmero de prensagem e encadernação, ser queimado sem opção.
Talvez seja pior que a lógica obtusa de Fahrenheit 451. Dessa vez o link é o do livro.
Se possível leia-o. E por favor não o queime nem o jogue no lixo. Se não quiser um livro doe-o a uma outra pessoa. Doar a uma escola pública pode, infelizmente, ser inócuo.
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