Mesmo que um autor compreenda que a sessão de seu filme na escola é uma contrapartida para o uso de dinheiro público, não estou convencida de que essa lei seja uma boa ideia. O próprio autor da lei reconhece que muitas escolas não dispõem de equipamentos adequados para garantir a qualidade das imagens e dos sons. Vale lembrar que em cadeiras desconfortáveis, iluminação inadequada e barulho, mesmo um filme excelente pode se transformar em uma obra tosca. Assim, que público iremos formar? Corremos o risco de reforçar a ideia de que o cinema nacional é inferior e não é isso o que queremos!

No modelo francês, os recursos públicos voltados para o cinema são divididos em três partes e destinados às três áreas: produção, exibição e formação de público. No Brasil, os recursos destinados à produção geralmente beneficiam os produtores que menos precisam. Os exibidores que sobrevivem estão nos shoppings apostando as fichas no cinema americano. Já o formação de público só existe graças à militância de profissionais que trabalham como aquele passarinho que tenta apagar o incêndio na mata.
Enfim, é preciso enfrentar o problema com mais disposição ou então teremos mais uma lei que não serve pra nada, ou pior, que resultará no oposto do que ela se propõe: "contribuir culturalmente para a formação social, a possibilidade de educar a criança para um olhar sobre a realidade brasileira, sobre o cinema brasileiro".
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