quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Para onde vamos educadores? Vamos ao encontro de Gente

Me incluo no grupo de professores que não temem as Tecnologias de Comunicação. Adoro orkut, blogs, YouTube e tantos outros canais que me fazem descobrir, exercitar a expressão e aprender, de acordo com a minha disponibilidade e interesse. Mas não abro mão de um bom educador. Já falei de alguns professores que atualmente me trazem luzes preciosas, como André Mattos, meu professor de teatro; Walter Lima Jr., meu professor de cinema e Sonia Dummont, minha professora de canto. Esses são apenas alguns exemplos de profissionais que fazem ou fizeram a minha história, imprimindo um pouco do jeito deles no meu jeito de ensinar e de viver.

Mais que da tecnologia gosto de Gente. Gosto de ver e ser vista, de ser estimulada e estimular e, principalmente, de me sentir considerada pelo que falo ou faço. A máquina não permite isso, pelo menos ela não me convence facilmente que é capaz de interagir comigo nesse tão caro nível de intimidade.

Se não existisse vestibular, eu ensinaria, prioritariamente, as coisas que vivenciei. Contaria histórias dos meus estágios com tartarugas marinhas ou com criação de insetos para o desenvolvimento de inseticidas naturais. Falaria de coisas que eu vi quando acompanhei o trabalho de biólogos que pesquisam onça, insetos, barbados e peixes no Parque Estadual do Rio Doce ou buscaria novas vivências, de preferência levando os alunos comigo, encorajando-os à investigar. Partiríamos como arqueólogos que pincelam pacientemente as camadas do solo em busca de um tesouro escondido.

Certamente eu misturaria biologia com arte, encenando dinâmicas celulares ou ecológicas. Produziria filmes incentivando os alunos à atuarem como diretores, editores, atores e/ou críticos. É possível que os alunos ficassem ainda mais interessantes se eles ganhassem ainda mais liberdade e estímulo para criar. É possível também que os professores fossem re-descobertos por seus alunos que passariam a encará-los como alguém importante, no sentido de fazer algo que importa e não simplesmente repetir o que está no livro didático. Sem a pressão do vestibular, teríamos mais tempo para aprofundar conhecimentos e poderíamos trilhar novos caminhos. As editoras perderiam suas galinhas dos ovos de ouro: simplesmente porque não haveria a obrigatoriedade de um único livro na turma. Ao contrário, a diversidade seria valorizada. Os alunos e professores discutiriam citando diferentes autores e a verdade absoluta sairia de vez de cena.

Felizmente, mesmo que o carcará vestibular continue nos assombrando, a Escola Parque tem sido um lugar onde eu posso dar asas à essa utopia, principalmente no primeiro ano e no clube de Ciências. Ousar, assim como navegar, é preciso.

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