quinta-feira, 25 de junho de 2009

Uma França inusitada


Na última terça, estive na sede do Cinema Nosso, na rua do Rezende 80. Trata-se de um projeto maneiríssimo voltado para jovens de baixa renda que se propõe a criar meios para que tais jovens estudem e produzam cinema e animação. Aproveitei para participar da atividade cultural do dia: uma conversa com a simpática francesa Camille Wintrebert... Ela começou mostrando para os jovens um mapa com a localização de seu país e apresentando dados comparativos com o Brasil: "A França tem um território 15 X menor que o Brasil, embora tenha um terço da população brasileira". Na sua fala, Camille preferiu destacar o norte da França, com ênfase na cidade de Lille.

Ela nos contou que Lille, que já foi considerada uma cidade fria e feia pelos impactos da crise industrial dos 1970, é hoje um polo cultural importante. Camille exibiu várias fotos como as dos montes de resíduos da exploração de carvão que alteraram a paisagem do país, as das feira de Wazemmes, que nos pareceu uma espécie de Saara francesa, as dos gigantes do Norte: grandes bonecos que representam figuras típicas francesas, inclusive os personagens da lenda de Lyderic et Phinaert. Também vimos fotos do Carnaval de Dunkerque e nos supreendemos com a duração desse carnaval: 3 meses! Camille nos contou que essa festa foi criada no século XVI e festeja a longa viagem dos pescadores que embarcavam para uma viagem de seis meses, onde muitos não retornavam de seu destino. Por isso, até hoje as arrecadações das festividades são destinadas às ongs que atendem órfãos (naquela epoca, era solidariedade para viúvas e orfãos, hoje, pode ser qualquier causa de solidariedade).
Também nos impressionamos com a multidão que se aglomera na festa do tiro de arenques: quando o prefeito arremessa peixes defumado para o povo. Nos identificamos com a Braderie de Lille, outra feira tradicional muito semelhante à nossa feira de antiguidades da Rua do Lavradio. Além da venda das "quinquilharias", os franceses expõem seus montes de mexilhões. Trata-se de um concurso típico entre os restaurantes que servem batata frita com mexilhões para saber qual estabelecimento
consegue erguer a maior montanha de conchas. Camille não soube dizer qual o destino final de todo esse resíduo calcário.

Para falar de gastronomia, Camille preparou uma saborosa quiche com abobrinha e enquanto degustávamos, ela nos contou três versões da história das baguetes. A primeira delas, associada necessidade de produção de pão em grande escala durante a revolução francesa, quando a multidão pedia "pão para quem tem fome". A segunda, seria uma solicitação de um formato de pão, idealizado por Napoleão para facilitar o transporte durante as guerras e a terceira, associada à velocidade da produção quando as leis trabalhistas exigiam que os padeiros só começassem seu trabalho após 'as quatro da manhã. Ainda sobre os pães, Camille nos contou que os franceses acreditam que os pães virados para baixo causam má sorte. Quando os pães estão nessa
posição, são chamados de "pão de carrasco". Isso porque, era comum usar a estratégia de virar os pães para separar os destinados aos carrascos. Ela nos disse também que a região é um polo importante de produção de cervejas artesanais e nos mostrou exemplos de garrafas e copos usados para esse consumo. Lille segue investindo no potencial cultural local, desde 2004, quando foi a capital européia da cultura. A conversa foi ótima e a quiche também. Mas melhor ainda foi rever as amigas dos tempos em que trabalhei com formação de público para cinema no Grupo Estação. Ah que saudade!

Para quem ficou com água na boca, Camille mandou a receita:

A receita da Quiche : (disculpe os erros de vocabulario, o vocabulario de cozinha e muito especifico...)

Massa :
250g de farinha
125g de manteiga mole
um pouco de agua

Incorporar a manteiga na farinha com as maos, por um pouco de agua para conseguir fazer uma bola com a massa.
Botar na geladeira e deixar uma hora.
Depois aplanar para que seja bem fina e colocar numa forma redonda untada com manteiga,
repicar com o garfo para a massa nao encher no forno, e cozer ate ficar um pouco dourada.

Em cima :
- cozer duas abobrinhas numa panela com um pouco de agua, colocar os pedaços encima da massa
- botar pedaços finos de queijo (normalmente queijo de cabra... Aqui usei queijo minas)
- cobrir com uma mixtura de 2 ovos e um pouco de leite batidos com um garfo...
- sal, pimenta, ervas (oregano...)

Botar no forno, e cozer ate que fique com cara boa e dourada!
Comer quente com alface + vinaigrette!

Pode trocar abobrinhas e queijo por qualquer ingrediente, verduras, presunto, peixe, etc...

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