quero dividir com você um presente que minha vizinha Débora Lembi me trouxe nessa véspera da véspera: uma bela tecitura de Guimarães Rosa:
Era Natal." Na fazenda Buriti Bom, armava-se o presépio no quarto-da-sala -todo aromas e brilhos, e cores amestradas, que ensinavam a beleza a confusos olhos. Era o resplendor do Nascimento. Naquele dia até os bichos se saudavam. Meio de meia-noite, a gente silenciava para ver se ouviam vozes deles - dos bois e burros e galos - dando recados dos Anjos, que à terra não vinham mais.Uma vaca berrasse, no instante e a fazenda estaria sendo abençoada. Pinto que se espicasse do ovo antes da madrugada iria dar em galo-músico, cantante de uma futura alegria invisível. Noite amável.O lírio-azul de grandes flores desabrochava, em canteiro arenoso, chovido pingado, sob a janela."
O texto de Guimarães chegou como um convite para viajar no tempo e me trouxe o sabor não tão doce do natal da infância, daqueles desejos frustrados que a criança magricela nutria em silêncio, dos brinquedos inventados com elementos da natureza que por vezes ajudavam a esquecer os problemas que já eram muitos, dos amiguinhos que nunca mais vi, mas que guardo no coração, do meu jeito de olhar para o mundo, olhar de criança, nem tão puro, marejados de sonhos. E você, o que guarda dos natais passados e o que deseja para amanhã? Eu desejo que esse Natal seja o mais especial de todos: para você e para mim!
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
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