sexta-feira, 9 de julho de 2010

O que será do futuro do filho do jogador mais falado no Brasil?




Minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos... como os nossos pais.
                                                      Belchior







Ele se achava o tal: ídolo da torcida, quase um deus, conquistou o reconhecimento até dos adversários e se transformou no sonho de consumo de times estrangeiros. Com tanto poder, nem se lembrava dos tempos difíceis e do drama de uma infância sem a mãe. Se casou com um mulher quase santa a ponto de...bem, ao ponto de ela compreende-lo quando ele dizia em rede nacional que "bater em mulher é normal". Agradecida por ser esposa, ela perdoou as amantes: esse deslize era necessário para aplacar a fome de esperteza que ele e seus amigos cultivavam. Assim, eles usaram muitos corpos, até que um dia decidiram se livrar de um corpo que pareceu ser inútil ou inadequado.

Ele, que se convenceu estar acima do bem e do mal ou o melhor do mundo, dorme ou tenta dormir em uma cela comum: sozinho, ou melhor com a bíblia. Seus ex-fãs assistem incrédulos os detalhes sórdidos do crime que mudou o rumo da história do talentoso atleta. Agora ele não precisa fazer o menor esforço para aparecer: perseguido pelos repórteres, sedentos de detalhes tanto mais sórdidos quanto vendáveis.

Esse enredo, amplificado pela voracidade da imprensa não mudará apenas a história do nosso anti-herói. Há um bebê nessa história - o que será dessa criança quando terminar o tempo de inocência? Como aplacar as sequelas quando ele tomar consciência da crueldade que seu pai cometeu, dos caminhos tortuosos que a mãe e o avô percorreram? O pequeno filho construirá uma história diferente onde o caráter supere a esperteza?  Enquanto a sociedade consome as reportagens sangrentas deveria se perguntar o que pode ser feito para  essa e outras crianças que vivem dramas familiares intensos não reproduzam a história de seus pais.

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