sábado, 27 de outubro de 2012

Escolas municipais do Rio de Janeiro em Ritmo de Funk

"Toda educação é educação do corpo. A ausência de uma atividade corporal também é educação: a educação para o não-movimento - educação para a repressão. Em ambas situações, a educação do corpo está acontecendo. O que diferencia uma atitude da outra é o tipo de indivíduo que estaremos formando".

                                                                                                                       Strazzacappa



Essa semana participei de um evento bacanérrimo produzido para capacitar educadores que  atuam no projeto Bairro educador.  A proposta, coordenada por Marcia Florencio, é voltada para escolas municipais do Rio, e visa usar o funk para promover o letramento.

Aprendi com o músico Carlos Carvalho e colaboradores, que a origem do funk pode estar na música gospel!  Após a fase de lamentos que marcou o fim da escravidão, e que originou o Blues, a música negra americana partiu para um novo estagio, o de adoração, onde a dança passou a ter mais movimento. Nos anos 70, James Brown encabeçou o que hoje chamamos de funk, explorando o atrito do corpo e sedução.


Até por estar carregadas de sensualidade, as  letras, que muitas vezes apresentam uma linguagem de protesto, nem sempre são bem vistas pelos gestores e professores das escolas. Por isso, a proposta de apropriação do funk para promover o letramento nem sempre recebe que o projeto precisa para transformar a escola em uma pista de dança e idéias.

"Aqueles que criticam, muitas vezes consomem músicas estrangeiras carregadas com o mesmo conteúdo dos funks,  como se o que vem de fora fosse necessariamente mais culto, enquanto que a cultura local não prestasse", lamenta os profissionais que atuam no projeto.

Mas não é apenas o funk que assusta: alguns educadores não se sentem confortáveis para trabalhar com música por não terem formação especifica. Por isso, o projeto estimula os educadores a partirem da musicalidade dos alunos: ao se apropriar da linguagem do funk,  o educador consegue aguçar o olhar para valorizar ainda mais a cultura local de sua escola. 


Ao abrir espaço para que os alunos se expressem através da dança e das letras de canções, a equipe do Bairro Educador desenvolveu projetos como os que culminaram no Funk do bulling, da higiene, da dengue... Ao mesmo tempo, encontraram espaço para  promover discussões que problematizaram algumas letras de funks como o "As novinhas de 14" que estimula a pedofilia.

O encontro trouxe o percussionista Roque Miguel que apresentou desafios com o método do passo e o rapper Vinícius Rodrigues que encorajou os educadores a usar a rima em suas produções. Para ele, rima é poesia e sentimento. Tudo a ver com a educação para o corpo que forma sujeitos preparados para expressar  livremente seus sentimentos, ideias e conhecimentos.





quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Detalhes tão pequenos: das plantas

Acredito que seja papel do educador desenvolver a habilidade do olhar inteligente: aquele que busca a capturar pequenos detalhes que muitas vezes nos passam despercebidos. Entreguei uma lupa e propus aos meus alunos do sétimo ano uma observação cuidadosa dos vegetais que temos na escola e a expressão dos detalhes observados, através de desenhos coloridos. O resultado é um trabalho de rara beleza:


Na sociedade frenética em que vivemos, propor ao adolescente que ele tenha um tempo para a contemplação, é uma ousadia. É bom poder ousar!