quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Seminário discute problemas na Lapa

Ontem estive no Seminário de Desenvolvimento Comunitário promovido por várias associações de moradores da Lapa e adjacências. Além de moradores e trabalhadores do bairro, estiveram presentes militantes como Moisés que é presidente da  associação dos moradores da Riachuelo; Carlos Augusto, presidente da associação dos moradores da Cruz Vermelha, Maria João que preside o conselho de infra-estrutura, e Vinícius, do site A Lapa é minha ou a lapa é nossa

Senti falta de representantes do comércio e do governo, mesmo assim a reunião foi produtiva: os presentes apresentaram diversas propostas, inclusive de manifestações públicas em prol de melhorias no bairro.

A associação de moradores da Riachuelo, por exemplo, pleiteou a restauração de antigos prédios como a Casa do Osório e de Chiquinha Gonzaga que poderia fomentar ainda mais a cultura local. Essa associação promove também um abaixo assinado para a inclusão de ruas que não foram contempladas no Projeto de revitalização  proposto na gestão de Eduardo Paes.

Não é a primeira vez que essa reunião acontece para discutir as medidas verticais promovidas pelo poder público como o fechamento de ruas do bairro nos finais de semana e o fechamento dos batalhões que cuidavam da segurança no centro. O descaso com a população de rua, o abandono de prédios públicos e a poluição sonora não poderiam estar fora do debate, uma vez que representam problemas antigos enfrentados na região. 



Os rumores de projetos que ferem a Lei orgânica, como a implantação de quiosques nos arcos também preocupam os que estavam presentes na reunião. Além do desejo de participar das decisões implementadas, os participantes apontaram algumas propostas objetivas como a transformação dos prédios abandonados em sedes de escolas estaduais que estão sendo desativadas.

Uma das propostas que levei foi o levantamento e ampla divulgação do volume de impostos gerados nos últimos anos no bairro, com a chegada de novos estabelecimentos e empreendimentos como o Cores da Lapa. Acredito que a transparência no orçamento e a participação da população pode reverter em melhorias, que não ficarão concentradas nos monumentos, mas abrangerá a região de forma ampla e democrática. Também sugeri que usássemos todos os instrumentos de comunicação disponíveis, como jornais, blogs, sites e programas de rádio, para divulgar nossa indignação e as manifestações do movimento. Quando conseguiremos atrair para o nosso bairro a mesma atenção dos principais bairros turísticos e um investimento digno de um bairro que fica no centro das atenções de quem visita a cidade?



Por exemplo, se a sujeira do bairro também é responsabilidade da população, e é, manifestos culturais que causem impacto e contribuam para a mudança dos hábitos locais são bem-vindos. Assim, um concurso de esquetes poderia trazer para o bairro algumas companhias de teatro interessadas não apenas no prêmio, mas em prestar um serviço à esse bairro que é tão amado pelos brasileiros e estrangeiros. Outra opção é convidar produtores de programas como o "Profissão Repórter"  para fazer uma matéria sobre o lixo na Lapa. Assim, estaríamos envolvendo a imprensa na promoção de uma reflexão e mudança de hábitos. Tais programas iriam mostrar uma investigação aprofundada sobre o volume do lixo produzido diariamente, os absurdos praticados por moradores e comerciantes, o trabalho desenvolvido por varredores e coletores, o destino que esses resíduos costumam ter, além de apresentar exemplos de alternativas que alguns grupos já fazem no bairro e as perspectivas que podem tornar o bairro mais limpo.

Ouvi também relatos de moradores que vivem a mais tempo no bairro e assistem desiludidos a deterioração do centro. Para evitar os "shoppings de calçada" e problemas com moradores de rua, alguns estabelecimentos estão instalando grades irregulares para reduzir o tamanho das calçadas. Essas intervenções arquitetônicas são interpretadas como se o poder público estivesse declarando a incompetência para fazer cumprir a lei e permitindo que os moradores e empresários se defendam como podem. Da mesma forma, ao permitir que os bares da Lapa coloquem suas mesas na calçada, obrigando os pedestres a se arrisquem no meio da rua, pode fazer crer que o fechamento das ruas não se limitará aos finais de semana, uma vez que os próprios moradores, ávidos por segurança poderão pedir que as ruas fiquem fechadas ao longo de toda a semana.

Os presentes que residem próximo à praça João pessoa aproveitaram a presença de um representante da polícia militar para pedir esclarecimento sobre a falta de intervenção em bares e blocos que ao longo de toda madrugada geram ruídos. Estabelecimentos como o Boemia da Lapa, o Beco do Rato, a Tipsy e o Nega Rosa foram citados como desrespeitosos ao sossego dos moradores. "Onde está o Projeto psiu?" Quiseram saber os presentes?

Além dos problemas citados, que para a solução dependem apenas da disposição do governo municipal fazer cumprir as leis, foi mencionado o problema do esgoto. Os presentes desejam clareza sobre as ações que estão sendo pensadas para sanear o enorme volume de esgoto gerado, principalmente nos últimos anos com a chegada de novos empreendimentos no bairro. Será que o histórico das enchentes ensinaram algo aos nossos governantes ou eles negligenciarão esse problema, como fizeram com o bonde de Santa?

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