domingo, 7 de agosto de 2011

Não deixe a sua empresa ir para o brejo

Quando eu era criança pensava que na minha casa tinha uma árvore de dinheiro.  Sou filha de comerciantes e diversas vezes assisti meus pais desbravando pequenos negócios que foram crescendo e se transformando em grandes empreendimentos.  Mas infelizmente, a cada nova empreitada, os castelos construídos a custo de muito trabalho, ruíram, endividando-os de um modo tão absurdo que diversas vezes perderam inclusive o que já possuíam antes de começarem cada trajetória.

O medo de perder tudo costuma travar as pessoas com esse histórico familiar e  muitos outros que poderiam empreender nesse país, por isso é tão importante que as informações preventivas sejam difundidas.  Foi isso que Daniel Pereira fez ao elaborar uma palestra  para explicar como é possível e necessário separar as contas pessoais das contas da empresa. Ouvindo Daniel, pude compreender porque essas histórias se repetem e como seria simples prevenir fracassos empresariais com orientação e acompanhamento. Por isso, mais uma vez desejo vida longa à Luz Consultoria que orienta pequenos empresários para que eles tenham mais chance de sucesso.

Na palestra de Daniel aprendi que quem deseja abrir o próprio negócio precisa distinguir duas identidades:  empresa e empresário e que é fundamental saber a diferença entre pró-labore e retirada de lucros.

O pró-labore é um compromisso da empresa com o trabalhador, o dono, e deve ser um valor fixo e mensal, preestabelecido de acordo com o valor de mercado Somente recebe esse "salário" o sócio que trabalha de fato: o dono que não está ativo no negócio, denominado sócio investidor, terá direito apenas à sua parte na chamada retirada de lucros.

A "Retirada do Lucro" é aquele momento de comemoração que acontece geralmente no final do ano, quando o desempenho positivo, lucro, é comprovado. "Nunca retire 100% do lucro, prepare-se para eventualidades e para reinvestir na empresa", alerta Daniel.

Tendo ou não lucro, a empresa deve ter firme compromisso com o pagamento do pró-labore. Não fazer esse pagamento pode mascarar sérios problemas financeiros, além de comprometer o desempenho desse trabalhador. Um erro constante é a retirada variável de acordo com o desempenho: ao ver muito dinheiro entrando, alguns empresários - e seus familiares - aproveitam para esbanjar e é aí que mora o perigo.

Daniel defende a separação total dos cartões de crédito, conta corrente, compras, contas e cheques: gastos pessoais não podem ser confundidos - quando os governantes confundem gastos públicos e privados costumamos nos indignar, mas no meio empresarial isso é recorrente. Abrir uma conta no nome da empresa e operar nessa via tudo e somente o que for do estabelecimento, é importante inclusive para efeitos fiscais.

Para calcular o pró-labore, deve-se ter um pé na realidade e questionar: se uma pessoa fosse contratada para fazer esse serviço, quanto cobraria? Um valor muito acima do mercado, pode comprometer a saúde financeira do estabelecimento. O cálculo também deve considerar o planejamento orçamentário da empresa.

O lucro da empresa não deve ser confundido com o lucro pessoal do empresário: "Os empresários precisam entender que os valores recebidos pela empresa são da empresa e não deles!", ensina Daniel. Para calcular o lucro pessoal, o empresário deve subtrair o valor do pró-labore às despesas do seu custo de vida. Essa diferença é o lucro pessoal e deve ser algo que compense o trabalho, sem comprometer a saúde financeira da empresa.

Estabelecer um pró-labore fixo permite que o empreendedor enxergue o resultado acumulado ao longo dos meses e tenha a chance de perceber quando está no vermelho ou quando as coisas realmente vão bem. Assim, além das receitas e despesas, o pró-labore é somado ao resultado mensal.

Ao avaliar o desempenho da empresa ao longo de um considerável período de tempo, os sócios podem decidir aumentar o pró-labore. Entretanto, se o patamar atingido não permitir essa operação, o valor continuará fixo, podendo inclusive ser reduzido se for inevitável e conveniente para todos os envolvidos.

Enquanto os empresários brasileiros continuarem acreditando que possuem uma árvore de dinheiro e não souberem separar essas coisas, continuarão vendo seus negócios indo para o buraco. Se tiver que escolher, é melhor que a sua empresa opere no vermelho do que perder o seu patrimônio e o da sua família.

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