quinta-feira, 6 de maio de 2010

Para Sempre (Carlos Drummond)




Hoje, antecipo uma homenagem  a todas as MÃES.
Queridas agraciadas com o dom da maternidade: que seus filhos sejam uma boa herança. Que não lhes falte carinho para compensar os chutes caprichados que seus filhotes deram enquanto estavam no útero, os sustos das febres que eles tiveram, as noites que vocês passaram acordadas cuidando ou esperando por eles. 
E quanto aos filhos, aproveitem a data para agradar e curtir suas mamães por que, infelizmente, elas podem ir embora.

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

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