terça-feira, 12 de abril de 2011

O que vale mais, uma árvore na floresta ou uma árvore que pode ser vendida?



essa foi a problematização proposta pelo professor Carlos Figueiredo no encontro com os membros do clube de Ciências da Escola Parque. Esse bate-papo trouxe como tema "O homem e a floresta".


O encontro foi pensado para que os estudantes, interessados em ciência, tivessem contato com quem faz ciência. Carlos Figueiredo coordena o Núcleo de Gestão Ambiental da UNIRIO e aceitou o convite por acreditar que a universidade deve ampliar o diálogo com alunos do ensino médio e fundamental. A discussão levantou alguns recursos naturais disponíveis nas florestas: alimentos (frutos, caça, mel), madeira, remédios. Esses produtos diretos, muitas vezes são alvos de biopirataria e isso traz sérios problemas ambientais e econômicos para o país. Carlos sugeriu que os alunos assistissem a animação Rio de Carlos Saldanha, que trata sobre o tráfico de animais. 




Carlos Figueiredo lembrou que boa parte dos compostos químicos dos remédios que usamos são extraídos das defesas naturais de plantas e animais que vivem nas florestas e que esses compostos muitas vezes são obtidos a partir do conhecimento tradicional de índios e outros povos que vivem na floresta e que dominam conhecimento a respeito de matérias primas como plantas, animais e fungos. 



Um dos membros do clube quis saber porque o Brasil não investe em pesquisas para ampliar as possibilidades da indústria farmacêutica. Carlos afirmou que o Brasil investe sim, mas que ainda há muito o que ser feito, principalmente na divulgação das informações, por isso  2011 foi eleito o ano internacional das florestas.



Carlos também explicou sobre os produtos indiretos da floresta, ou seja aqueles que, nos benficiam, sem que seja necessário extraí-los das florestas, como: água, ar puro, clima, solo, polinizadores. Ele também explicou a razão para alguns córregos e rios das florestas serem limpos: antes da água chegar ao leito do rio, a floresta e o solo funcionam como filtros que purificam as águas dos rios. Portanto a floresta colabora diretamente com a qualidade da água.



Os estudantes foram apresentados aos diversos níveis estruturais de uma floresta, com seus tipos de seres vivos e relacionaram o empobrecimento do solo com a retirada da cobertura vegetal. Carlos ensinou para o grupo que, produtos florestais como o cacau, o palmito, e castanha do Pará só podem ser mantidos com a existência da floresta. Assim, o desmatamento das florestas e a diminuição da biodiversidade comprometem a produção desses produtos.



Os meninos ficaram impressionados quando Carlos disse que boa parte das pessoas no mundo não cozinham em fogão! Mas a retirada da lenha para cozinhar não é a única prática do homem que compromete as florestas. Diversas atividades da cidade sujam a água dos rios e atingem a intrincada rede de relações que existem em uma floresta. 

Com alguns mapas, Carlos mostrou como ao longo do tempo as florestas estão sendo dizimadas. Da mata atlântica, por exemplo, que em 1500 ocupava toda a costa brasileira, restam apenas cerca de 7% da mata original. Para cada 10 florestas daquele período, resta menos de 1 floresta hoje. Já no Rio de Janeiro, considerado o Estado mais preservado de Mata Atlântica, restam 17% da mata original. Carlos destacou o Maciço da Pedra Branca e a Floresta da Tijuca como importantes remanescentes dessa mata associados à cidades, o caso, a cidade do Rio de Janeiro.

A espécie humana paga por esses impactos ambientais. Por exemplo, quando compra água potável das estações de tratamento. O tratamento tem um custo, e por ser oneroso, nem todos têm acesso. Outros exemplos de prejuízos causados pela não proteção das matas é o custo do controle de erosão e da recuperação de áreas erodidas.  As modalidades de turismo - ecológico e de aventura -  também deixam de movimentar capital e gerar empregos quando aqueles lugares agradáveis, ricos em biodiversidade são negligenciados ou destruídos.

Mas afinal, é possível conciliar o crescimento urbano com as florestas, uma vez que a crescente produção de alimentos compromete a preservação das florestas? Na medida em que a floresta tem dado lugar aos pastos e à monocultura, a falta de gestão das florestas tem como uma das piores consequências a desertificação. Além de proteger o solo, as florestas tem a importante função de amenizar a poluição ambiental na medida em que recolhe do ar gases tóxicos liberados pelos combustíveis fósseis.

Ao perceber que o grupo demonstrou afinidade com o estudo dos seres vivos, Carlos chamou atenção para o fato de que ciência não é só biologia e que outras áreas, como a matemática, por exemplo, são fundamentais na investigação científica. Carlos exemplificou como a bioestatística foi importante nas pesquisas que realizou em ecologia. Por isso é necessário trazer outros cientistas para novos papos no clube.

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