Eu não tive a sorte de crescer em uma casa cheia de livros. Meus pais eram semi-analfabetos e o único livro que não podia faltar em casa era a bíblia. Na minha infância a única casa que eu frequentava onde haviam estantes com livros era a casa da minha tia Fia. Foi ali que descobri o prazer da leitura, ao viajar nas "Memórias de um burro", uma fábula de Condessa de Ségur que narra as travessuras de um simpático burro que busca um lar. Essa leitura talvez tenha influenciado a escolha da minha profissão de bióloga, que prima pelo respeito, carinho e proteção aos animais.
Depois vieram os livros que a minha professora de Língua Portuguesa exigia que lêssemos e que às vezes eu devorava em uma tarde, como o inesquecível "A Ilha Perdida" de Maria José Dupré, que me levou de carona na aventura dos dois irmãos.
Na adolescência, eu amava os livros de mistérios e um dos meus passeios favoritos era dar uma passadinha na biblioteca pública de Caratinga para procurar por Agatha Christie e Sherlock Holmes.
Alguns livros exerceram uma força transformadora: eu estava vivendo um momento de muita rebeldia na minha adolescência quando li "Feliz Ano Velho" de Marcelo Rubens Paiva. Me lembro de ler esse livro no ônibus, enquanto ia para a escola e ficar pensando em como fazer para que as pessoas vissem a capa, lessem o título e se interessassem por aquela história tão fascinante.
Outra leitura inesquecível foi "A Insustentável Leveza do Ser " de Milan Kundera. No final da história eu fazia um esforço enorme para reduzir o ritmo da leitura, porque eu simplesmente não queria que aquela história terminasse.
Descobrir Clarice Lispector foi outra dádiva: de cara me identifiquei às avessas com a datilógrafa Macabéa de "A Hora da Estrela". O meu modo de ver o universo feminino foi chacoalhado com essa história: definitivamente eu não queria ser essa mulher que "aceita tudo porque já beijou a parede". Aliás, a leitura que estou fazendo no momento é "Perto do Coração Selvagem", também da Clarice. Embora o meu momento de leitura e o momento de escrita de Clarice sejam tão diferentes daquele da história da Macabéa, estou me deixando ser arrastada pelo caos da "realidade adivinhada" da protagonista.
Hoje minha casa é recheada de livros e, para minha alegria, minha filha me pede uma história todos os dias, antes de dormir! Ela preenche uma lacuna que me fazia muito mais falta do que eu podia imaginar: a da literatura infantil. Com ela descubro pérolas. Espero que no futuro ela também goste das pérolas que eu encontrei no universo da literatura.
Esse espetáculo estimula a leitura:http://www.wix.com/silbio/cantar-e-contar?ref=nf
quinta-feira, 28 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
Tantas Marias...
Quando conheci o Vida Maria, fiquei encantada com a sensibilidade e o tratamento dado às questões recorrentes no agreste brasileiro. Fabuloso e necessário, vejam:
O filme encanta desde as primeiras cenas. A mão desajeitada que segura um lápis mordido: quantas marias morderam, de nervoso, lápis e canetas enquanto tentaram "desenhar" uma letra?
Absorta na magia da escrita, a criança não ouve a mãe que, cansada da vida severina que leva, pede ajuda à filha. Por todo Brasil crianças perdem a infância trabalhando: essa Maria será chacoalhada - "vá procurar algo útil para fazer Maria!"
A criança não ousa discutir e segue para o terreiro: árido como as vidas que convivem com ela. No terreiro, algumas passagens de tempo magistralmente construídas.
E assim, a menina se transforma em uma bela mulher à espera de um príncipe que lhe tire a lata d'água da cabeça. Chega o príncipe e os frutos, mas a vida não muda. Continua severina, ou Vida Maria. Até que o ciclo se fecha. Como quebrar esse ciclo?
O filme encanta desde as primeiras cenas. A mão desajeitada que segura um lápis mordido: quantas marias morderam, de nervoso, lápis e canetas enquanto tentaram "desenhar" uma letra?
Absorta na magia da escrita, a criança não ouve a mãe que, cansada da vida severina que leva, pede ajuda à filha. Por todo Brasil crianças perdem a infância trabalhando: essa Maria será chacoalhada - "vá procurar algo útil para fazer Maria!"
A criança não ousa discutir e segue para o terreiro: árido como as vidas que convivem com ela. No terreiro, algumas passagens de tempo magistralmente construídas.
E assim, a menina se transforma em uma bela mulher à espera de um príncipe que lhe tire a lata d'água da cabeça. Chega o príncipe e os frutos, mas a vida não muda. Continua severina, ou Vida Maria. Até que o ciclo se fecha. Como quebrar esse ciclo?
terça-feira, 12 de abril de 2011
O que vale mais, uma árvore na floresta ou uma árvore que pode ser vendida?
essa foi a problematização proposta pelo professor Carlos Figueiredo no encontro com os membros do clube de Ciências da Escola Parque. Esse bate-papo trouxe como tema "O homem e a floresta".
O encontro foi pensado para que os estudantes, interessados em ciência, tivessem contato com quem faz ciência. Carlos Figueiredo coordena o Núcleo de Gestão Ambiental da UNIRIO e aceitou o convite por acreditar que a universidade deve ampliar o diálogo com alunos do ensino médio e fundamental. A discussão levantou alguns recursos naturais disponíveis nas florestas: alimentos (frutos, caça, mel), madeira, remédios. Esses produtos diretos, muitas vezes são alvos de biopirataria e isso traz sérios problemas ambientais e econômicos para o país. Carlos sugeriu que os alunos assistissem a animação Rio de Carlos Saldanha, que trata sobre o tráfico de animais.
Carlos Figueiredo lembrou que boa parte dos compostos químicos dos remédios que usamos são extraídos das defesas naturais de plantas e animais que vivem nas florestas e que esses compostos muitas vezes são obtidos a partir do conhecimento tradicional de índios e outros povos que vivem na floresta e que dominam conhecimento a respeito de matérias primas como plantas, animais e fungos.
Um dos membros do clube quis saber porque o Brasil não investe em pesquisas para ampliar as possibilidades da indústria farmacêutica. Carlos afirmou que o Brasil investe sim, mas que ainda há muito o que ser feito, principalmente na divulgação das informações, por isso 2011 foi eleito o ano internacional das florestas.
Carlos também explicou sobre os produtos indiretos da floresta, ou seja aqueles que, nos benficiam, sem que seja necessário extraí-los das florestas, como: água, ar puro, clima, solo, polinizadores. Ele também explicou a razão para alguns córregos e rios das florestas serem limpos: antes da água chegar ao leito do rio, a floresta e o solo funcionam como filtros que purificam as águas dos rios. Portanto a floresta colabora diretamente com a qualidade da água.
Os estudantes foram apresentados aos diversos níveis estruturais de uma floresta, com seus tipos de seres vivos e relacionaram o empobrecimento do solo com a retirada da cobertura vegetal. Carlos ensinou para o grupo que, produtos florestais como o cacau, o palmito, e castanha do Pará só podem ser mantidos com a existência da floresta. Assim, o desmatamento das florestas e a diminuição da biodiversidade comprometem a produção desses produtos.
Os meninos ficaram impressionados quando Carlos disse que boa parte das pessoas no mundo não cozinham em fogão! Mas a retirada da lenha para cozinhar não é a única prática do homem que compromete as florestas. Diversas atividades da cidade sujam a água dos rios e atingem a intrincada rede de relações que existem em uma floresta.
Com alguns mapas, Carlos mostrou como ao longo do tempo as florestas estão sendo dizimadas. Da mata atlântica, por exemplo, que em 1500 ocupava toda a costa brasileira, restam apenas cerca de 7% da mata original. Para cada 10 florestas daquele período, resta menos de 1 floresta hoje. Já no Rio de Janeiro, considerado o Estado mais preservado de Mata Atlântica, restam 17% da mata original. Carlos destacou o Maciço da Pedra Branca e a Floresta da Tijuca como importantes remanescentes dessa mata associados à cidades, o caso, a cidade do Rio de Janeiro.
A espécie humana paga por esses impactos ambientais. Por exemplo, quando compra água potável das estações de tratamento. O tratamento tem um custo, e por ser oneroso, nem todos têm acesso. Outros exemplos de prejuízos causados pela não proteção das matas é o custo do controle de erosão e da recuperação de áreas erodidas. As modalidades de turismo - ecológico e de aventura - também deixam de movimentar capital e gerar empregos quando aqueles lugares agradáveis, ricos em biodiversidade são negligenciados ou destruídos.
Mas afinal, é possível conciliar o crescimento urbano com as florestas, uma vez que a crescente produção de alimentos compromete a preservação das florestas? Na medida em que a floresta tem dado lugar aos pastos e à monocultura, a falta de gestão das florestas tem como uma das piores consequências a desertificação. Além de proteger o solo, as florestas tem a importante função de amenizar a poluição ambiental na medida em que recolhe do ar gases tóxicos liberados pelos combustíveis fósseis.
Ao perceber que o grupo demonstrou afinidade com o estudo dos seres vivos, Carlos chamou atenção para o fato de que ciência não é só biologia e que outras áreas, como a matemática, por exemplo, são fundamentais na investigação científica. Carlos exemplificou como a bioestatística foi importante nas pesquisas que realizou em ecologia. Por isso é necessário trazer outros cientistas para novos papos no clube.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Profissão Promissora: Físico
hoje quero divulgar um evento que acontecerá nos dias 11 a 15 de abril, na UFRJ: a Semana da Física da UFRJ. Trata-se de um evento anual organizado por estudantes do instituto e que tem como público, além de estudantes de Física, alunos de outras áreas e interessados nessa disciplina.
O evento consiste de diversas palestras e minicursos. Vale destacar a palestra de Astrobiologia.
As inscrições são feitas no site http://omnis.if.ufrj.br/~ cafis/semafis3/ ou na própria UFRJ até o dia 11/4 segunda-feira. A taxa é de R$10,00 e os inscritos ganharão uma camisa do evento, pastinha com várias coisas e certificado.
Essa é uma oportunidade bem legal para aqueles que pretendem cursar Física de terem um contato maior com as suas áreas e com um dos maiores institutos do Brasil.
O evento consiste de diversas palestras e minicursos. Vale destacar a palestra de Astrobiologia.
As inscrições são feitas no site http://omnis.if.ufrj.br/~
Essa é uma oportunidade bem legal para aqueles que pretendem cursar Física de terem um contato maior com as suas áreas e com um dos maiores institutos do Brasil.
domingo, 3 de abril de 2011
Clássicos Grátis
LIVROS
É só clicar no título para ler ou imprimir.
- A Divina Comédia -Dante Alighieri
- A Comédia dos Erros -William Shakespeare
- Poemas de Fernando Pessoa -Fernando Pessoa
- Dom Casmurro -Machado de Assis
- Cancioneiro -Fernando Pessoa
- Romeu e Julieta -William Shakespeare
- A Cartomante -Machado de Assis
- Mensagem -Fernando Pessoa
- A Carteira -Machado de Assis
- A Megera Domada -William Shakespeare
- A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca -William Shakespeare
- Sonho de Uma Noite de Verão -William Shakespeare
- O Eu profundo e os outros Eus. -Fernando Pessoa
- Dom Casmurro -Machado de Assis
- Do Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
- Poesias Inéditas -Fernando Pessoa
- Tudo Bem Quando Termina Bem -William Shakespeare
- A Carta -Pero Vaz de Caminha
- A Igreja do Diabo -Machado de Assis
- Macbeth -William Shakespeare
- Este mundo da injustiça globalizada -José Saramago
- A Tempestade -William Shakespeare
- O pastor amoroso -Fernando Pessoa
- A Cidade e as Serras -José Maria Eça de Queirós
- Livro do Desassossego -Fernando Pessoa
- A Carta de Pero Vaz de Caminha -Pero Vaz de Caminha
- O Guardador de Rebanhos -Fernando Pessoa
- O Mercador de Veneza -William Shakespeare
- A Esfinge sem Segredo -Oscar Wilde
- Trabalhos de Amor Perdidos -William Shakespeare
- Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
- A Mão e a Luva -Machado de Assis
- Arte Poética -Aristóteles
- Conto de Inverno -William Shakespeare
- Otelo, O Mouro de Veneza -William Shakespeare
- Antônio e Cleópatra -William Shakespeare
- Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
- A Metamorfose -Franz Kafka
- A Cartomante -Machado de Assis
- Rei Lear -William Shakespeare
- A Causa Secreta -Machado de Assis
- Poemas Traduzidos -Fernando Pessoa
- Muito Barulho Por Nada -William Shakespeare
- Júlio César -William Shakespeare
- Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
- Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
- Cancioneiro -Fernando Pessoa
- Catálogo de Autores Brasileiros com a Obra em Domínio Público -Fundação Biblioteca Nacional
- A Ela -Machado de Assis
- O Banqueiro Anarquista -Fernando Pessoa
- Dom Casmurro -Machado de Assis
- A Dama das Camélias -Alexandre Dumas Filho
- Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
- Adão e Eva -Machado de Assis
- A Moreninha -Joaquim Manuel de Macedo
- A Chinela Turca -Machado de Assis
- As Alegres Senhoras de Windsor -William Shakespeare
- Poemas Selecionados -Florbela Espanca
- As Vítimas-Algozes -Joaquim Manuel de Macedo
- Iracema -José de Alencar
- A Mão e a Luva -Machado de Assis
- Ricardo III -William Shakespeare
- O Alienista -Machado de Assis
- Poemas Inconjuntos -Fernando Pessoa
- A Volta ao Mundo em 80 Dias -Júlio Verne
- A Carteira -Machado de Assis
- Primeiro Fausto -Fernando Pessoa
- Senhora -José de Alencar
- A Escrava Isaura -Bernardo Guimarães
- Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
- A Mensageira das Violetas -Florbela Espanca
- Sonetos -Luís Vaz de Camões
- Eu e Outras Poesias -Augusto dos Anjos
- Fausto -Johann Wolfgang von Goethe
- Iracema -José de Alencar
- Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
- Os Maias -José Maria Eça de Queirós
- O Guarani -José de Alencar
- A Mulher de Preto -Machado de Assis
- A Desobediência Civil -Henry David Thoreau
- A Alma Encantadora das Ruas -João do Rio
- A Pianista -Machado de Assis
- Poemas em Inglês -Fernando Pessoa
- A Igreja do Diabo -Machado de Assis
- A Herança -Machado de Assis
- A chave -Machado de Assis
- Eu -Augusto dos Anjos
- As Primaveras -Casimiro de Abreu
- A Desejada das Gentes -Machado de Assis
- Poemas de Ricardo Reis -Fernando Pessoa
- Quincas Borba -Machado de Assis
- A Segunda Vida -Machado de Assis
- Os Sertões -Euclides da Cunha
- Poemas de Álvaro de Campos -Fernando Pessoa
- O Alienista -Machado de Assis
- Don Quixote. Vol. 1 -Miguel de Cervantes Saavedra
- Medida Por Medida -William Shakespeare
- Os Dois Cavalheiros de Verona -William Shakespeare
- A Alma do Lázaro -José de Alencar
- A Vida Eterna -Machado de Assis
- A Causa Secreta -Machado de Assis
- 14 de Julho na Roça -Raul Pompéia
- Divina Comedia -Dante Alighieri
- O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
- Coriolano -William Shakespeare
- Astúcias de Marido -Machado de Assis
- Senhora -José de Alencar
- Auto da Barca do Inferno -Gil Vicente
- Noite na Taverna -Manuel Antônio Álvares de Azevedo
- Memórias Póstumas de Brás Cubas -Machado de Assis
- A 'Não-me-toques' ! -Artur Azevedo
- Os Maias -José Maria Eça de Queirós
- Obras Seletas -Rui Barbosa
- A Mão e a Luva -Machado de Assis
- Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
- Aurora sem Dia -Machado de Assis
- Édipo-Rei -Sófocles
- O Abolicionismo -Joaquim Nabuco
- Pai Contra Mãe -Machado de Assis
- O Cortiço -Aluísio de Azevedo
- Tito Andrônico -William Shakespeare
- Adão e Eva -Machado de Assis
- Os Sertões -Euclides da Cunha
- Esaú e Jacó -Machado de Assis
- Don Quixote -Miguel de Cervantes
- Camões -Joaquim Nabuco
- Antes que Cases -Machado de Assis
- A melhor das noivas -Machado de Assis
- Livro de Mágoas -Florbela Espanca
- O Cortiço -Aluísio de Azevedo
- A Relíquia -José Maria Eça de Queirós
- Helena -Machado de Assis
- Contos -José Maria Eça de Queirós
- A Sereníssima República -Machado de Assis
- Iliada -Homero
- Amor de Perdição -Camilo Castelo Branco
- A Brasileira de Prazins -Camilo Castelo Branco
- Os Lusíadas -Luís Vaz de Camões
- Sonetos e Outros Poemas -Manuel Maria de Barbosa du Bocage
- Ficções do interlúdio: para além do outro oceano de Coelho Pacheco. -Fernando Pessoa
- Anedota Pecuniária -Machado de Assis
- A Carne -Júlio Ribeiro
- O Primo Basílio -José Maria Eça de Queirós
- Don Quijote -Miguel de Cervantes
- A Volta ao Mundo em Oitenta Dias -Júlio Verne
- A Semana -Machado de Assis
- A viúva Sobral -Machado de Assis
- A Princesa de Babilônia -Voltaire
- O Navio Negreiro -Antônio Frederico de Castro Alves
- Catálogo de Publicações da Biblioteca Nacional -Fundação Biblioteca Nacional
- Papéis Avulsos -Machado de Assis
- Eterna Mágoa -Augusto dos Anjos
- Cartas D'Amor -José Maria Eça de Queirós
- O Crime do Padre Amaro -José Maria Eça de Queirós
- Anedota do Cabriolet -Machado de Assis
- Canção do Exílio -Antônio Gonçalves Dias
sexta-feira, 1 de abril de 2011
A chegada de um Baby Down
Minha filha tem um amigo com síndrome de Donw na sala dela. Esse amiguinho trouxe um mundo novo para a turma e as crianças tiram de letra as diferenças. Esse ano, participei da caminhadow, um evento pensado para estimular a inclusão. A mãe do Rafa, o amiguinho da Luluty, se destacava entre os organizadores. Então, fiquei curiosa e perguntei para ela:
* Carla Codeço é mãe do Rafa e da Joana. Ela é arquiteta e é casada com o biólogo Carlos Figueiredo. Eu fiz uma pergunta para ele também. Mas o relato de Carlos ficará para outra oportunidade.
Além desse emocionante relato, Carla nos presenteou com duas pérolas:
Carla, o que houve de mais marcante na sua trajetória entre a aceitação de gerar um bebê com trissomia 21 (outro modo de chamar a síndrome de Down) até a militância em favor dessa causa?
A resposta dela chegou hoje e com muita alegria quero dividir com você:
Silvania,
Nós não tivemos diagnóstico pré natal da síndrome de Down. Soubemos apenas na hora do parto. Quando cheguei ao quarto do hospital, após o parto, fui avisada pelos médicos em um clima de profundo pesar que meu filho havia nascido com síndrome de Down.
Nós não tivemos diagnóstico pré natal da síndrome de Down. Soubemos apenas na hora do parto. Quando cheguei ao quarto do hospital, após o parto, fui avisada pelos médicos em um clima de profundo pesar que meu filho havia nascido com síndrome de Down.
Me senti suspensa no ar por alguns instantes, depois cai. Da euforia imensa de dar à luz, fui para o extremo oposto. Me senti perdida na escuridão. Todos os planos, todas as expectativas, não cabiam mais. E agora? Não sabia o que esperar, o que pensar. Sentia um vazio imenso. Vazio aumentado pela ignorância, como é uma criança com Down? O que posso esperar para o futuro? Um adulto eternamente dependente dos pais?! E se eu morrer antes, o que será do meu filho? Não, ele não pode ser um peso para sua irmã!
O espaço ocupado pela ignorância e pelo preconceito dava lugar a imagens e pensamentos aterradores que passaram a povoar meu imaginário durante os dias que se seguiram.
Aos poucos, fui percebendo que quando estava olhando e amamentando meu bebê, não existia tristeza alguma, só alegria. Seu rostinho tão lindo, só podia ser o rostinho de um anjo! E como anjo que é; não traz consigo tristeza alguma. Cada vez que olhava para o Rafael, meu coração ia sendo invadido por amor, tanto amor, tanto amor mas tanto amor; que todos os pensamentos trazidos pela ignorância e pelo preconceito ficaram sem espaço ali. Me deixei conquistar pelo meu filho e percebi que o bebê que idealizei durante a gestação estava ali.
Percebi também que todo o estresse que passei foi por desinformação. Foi por não ter tido a oportunidade de conviver com nenhum tipo de deficiência durante toda a vida. E, a partir desta constatação, decidi ter como bandeira a divulgação de informação de qualidade sobre a síndrome e a inclusão dos indivíduos com SD na sociedade. Desta maneira, as futuras mães de crianças com Down não passariam pelo que eu passei. Os bebês poderão ser plenamente acolhidos por seus pais desde o primeiro momento após o diagnóstico.
* Carla Codeço é mãe do Rafa e da Joana. Ela é arquiteta e é casada com o biólogo Carlos Figueiredo. Eu fiz uma pergunta para ele também. Mas o relato de Carlos ficará para outra oportunidade.
Além desse emocionante relato, Carla nos presenteou com duas pérolas:
“O que perturba e assusta o homem", disse Epíteto, "não são as coisas, mas suas opiniões e fantasias sobre as coisas" (Cassirer, 1994 Ensaio sobre o homem. São Paulo, Martins-Fontes p.49)
"Não é a deficiência que decide o destino das pessoas, mas as consequências sociais dela."
Vygotsky
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